Decorria o ano de 2001, o Boavista debatia-se entre as melhores equipas nacionais. Foi nesse ano que se sagrou Campeão Nacional e o plantel axadrezado, comandado por Jaime Pacheco, contava com jogadores como Petit, Ricardo, Frechaut ou Jorge Silva.
Jorge Silva, de 33 anos, ajudou o Boavista a levantar a Taça em 2001 e agora, em 2009, continua a apoiar a formação de Bessa mas nos jogos da II Divisão B. O médio está ciente das dificuldades que o clube atravessa e sabe que os problemas não são alheios aos jogadores, mas procura sempre “ser parte da solução e não do problema”. Jorge Silva confessa mesmo que a actual situação do clube é “uma revolta que invade a todos, incluindo os adeptos”.
“Para isso vamos tentar sempre dignificar ao máximo esta camisola e ganhar todos os jogos. Acreditamos num futuro risonho”, afirmou Jorge Silva confiante.
Mais novo, Carlos Miguel, médio do Boavista, 24 anos, gostaria de ver os axadrezados em “campos maiores”: “Merece jogar na primeira Liga”, acrescentou. Tal como o seu companheiro de equipa, conhece as complicações do clube, mas não será esse o factor que o impeça de jogar todos os dias com ambição e vontade, mesmo actuando na II Divisão. “Ninguém vai morrer se o clube continuar na segunda divisão. Com isto não quero dizer que toda o conjunto desportivo do Boavista ambicione colocar outra vez o clube a jogar em patamares superiores”, disse o jovem médio, deixando um alerta: “O Boavista não pode acabar”.
A dívida financeira do clube quase fez com que não pudesse inscrever jogadores nesta época, impedidos pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, mas esse obstáculo foi ultrapassado e o Boavista pôde jogar, pelo menos, na segunda divisão.
No entanto, e no inicio desta época, os problemas financeiros persistiam e Jorge Madureira, técnico dos axadrezados, lembra que “formou uma equipa em cima do joelho”. “Numa semana formávamos uma equipa mas na seguinte havia jogadores que queriam sair, outros não acreditavam neste projecto. Por isso estes que ficaram são aqueles que acreditaram e, na minha opinião, são os melhores jogadores da II Divisão B”.
Também consciente dos problemas financeiros do Boavista, o técnico, preocupado, acredita que a solução passa por investimento financeiro. “O Boavista é um clube doente, precisa de medicação, tratamento e ajuda. Não o podem enterrar antes de morrer”
Jorge Madureira não quis deixar de realçar o esforço de duas pessoas, muito presentes na ressurreição da instituição: o presidente e presidente adjunto do clube boavisteiro, que “estão aqui todos os dias a dar a cara pelo Boavista. Eles estão sempre à procura de pessoas que ajudem a instituição”.
“O Boavista está vivo mas precisa de ajuda”. Foi esta a mensagem deixada pelo técnico Jorge Madureira, numa voz partilhada por todos os membros axadrezados, que outrora levantaram a Taça de Campeão Nacional da primeira Liga e hoje lutam pela sobrevivência na II Divisão e contra os persistentes problemas financeiros.
Curiosamente, o Boavista encontra-se numa situação semelhante ao de um tabuleiro de xadrez. Por um lado as casas brancas demonstram a vontade e ambição de chegar mais longe, pelo outro, as casas negras correspondem às dívidas e falta de investimento no clube. No Estádio Bessa XXI, ou num jogo de xadrez, a "Torre" movimenta-se numa direcção: em linha recta. Linha essa que jogadores e treinador também querem seguir, rumo à subida de divisão, se possível, ainda esta época.
Brevemente, o Sapo Desporto irá oferecer um segundo olhar sobre o Boavista Futebol Clube. Alargar-se-á também ao presidente do clube axadrezado, Álvaro Braga Júnior, que nos dará o seu parecer sobre a actual situação da instituição que preside.
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