Os sócios do Boavista presentes na Assembleia-Geral do clube que terminou hoje de madrugada decidiram manter Álvaro Braga Júnior como presidente da Direcção, não ratificando assim as deliberações tomadas a 16 de Agosto.
“É uma vergonha, perdi o meu clube”, reagiu Eduardo Matos, advogado e presidente da Associação Amigos do Boavista Futebol Clube, que na última assembleia, realizada em Agosto, foi escolhido para presidir a uma Comissão Administrativa e substituir Álvaro Braga Júnior e a sua direcção.
Três sócios interpuseram então uma providência cautelar para tentar invalidar o que foi deliberado nessa assembleia, alegando irregularidades diversas, e foi já em tribunal, no dia 7, que Álvaro Braga Júnior e Eduardo Matos acordaram a realização de uma nova assembleia extraordinária tendo em vista ratificar as deliberações anteriores.
O resultado final foi um volte-face, que deixa tudo na mesma: 255 associados optaram por não ratificar as deliberações de 16 de Agosto e 240 ratificaram-nas.
“O Boavista precisa de toda a gente e nós precisamos de paz para o trabalho muito difícil que vem aí pela frente”, comentou Álvaro Braga Júnior.
“No fundo, foi reconhecido o trabalho, a coragem e o esforço desta direcção e, como eu tinha dito, a assembleia de 16 de Agosto não correspondeu à verdade, como fica provado”, sublinhou.
O dirigente insiste que o clube precisa de se unir, “porque só assim faz sentido e o clube pode recuperar”, apelando aos derrotados para “que saibam perder”.
“Não vou pôr em causa a votação”, garantiu Eduardo Matos em declarações à Agência Lusa.
“Vou remeter-me ao anonimato, afastar-me do clube e formalizar o pedido de demissão de presidente da Associação Amigos do Boavista”, anunciou, revelando ainda que irá “propor a dissolução da mesma”.
O responsável tece fortes críticas à Assembleia-geral – a que a comunicação social não assistiu, por vontade dos cerca de meio milhar de sócios – considerando-a “vergonhosa e orquestrada”, concluindo que “hoje foi a derrocada final do clube”.
“Não aceito os termos como fui tratado, fui enxovalhado por pessoas sem escrúpulos”, apontou, referindo que “já sabia que isto ia acontecer”.
Eduardo Matos desejou ainda “os maiores êxitos a Álvaro Braga Júnior e disse que ia “descansar”.
“Se calhar, até me saiu “Euromilhões” por ter perdido este “duelo” com Álvaro Braga Júnior pela gestão de um clube que enfrenta um pedido de insolvência da construtora Somague por uma dívida de 34,5 milhões de euros, referiu.
Esta dívida, uma entre muitas outras deste clube portuense com 107 anos, refere-se à construção do Estádio do Bessa Século XXI.
A PSP montou um dispositivo policial nas imediações do Estádio do Bessa, onde a assembleia teve lugar, para prevenir eventuais incidentes entre adeptos dos dois lados, mas nada de especial aconteceu.
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