A Comissão de Trabalhadores da RTP questionou hoje o Conselho de Administração e o Conselho Geral Independente sobre se têm condições para continuarem em funções, depois de conhecido o memorando de entendimento com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

O primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se hoje surpreendido ao ser questionado pelo Bloco de Esquerda com a existência daquele memorando, por não ter sido dado conhecimento prévio ao Governo, nem constar no Plano de Atividades e Orçamento da empresa, levando o Governo a questionar a administração da RTP.

Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP enumerou os vários pontos do memorando que considera poderem inviabilizar a manutenção em funções do Conselho de Administração, bem como do Conselho Geral Independente.

Segundo a CT, o memorando previa que a RTP permutasse com a FPF imagens de arquivo, cedesse trabalhadores e as instalações do Centro de Produção do Norte para o funcionamento de um canal privado, considerando assim existirem "indícios de violações claras de princípios de concorrência leal".

"O memorando revelava uma completa falta de noção do que é e para que serve um serviço público de rádio e televisão", acrescenta a nota, adiantando ainda que "o documento dificilmente passaria por um órgão de supervisão de um canal privado, quanto mais de uma empresa pública".

A CT do canal público informa que, "num ‘email’ datado de 16 de janeiro, o próprio Conselho de Administração da RTP admitia que o Conselho Geral Independente já conhecia este memorando".

O órgão representativo dos trabalhadores da RTP questiona aqueles dois conselhos quanto à sua manutenção em funções, bem como o "manto de silêncio" verificado, até porque, de acordo com esta comissão, o mesmo era do conhecimento de algumas redações de vários órgãos de comunicação social.