Um clube de futebol sérvio negou hoje ter rescindido contrato com um jogador chinês devido a pressão política de Pequim, após críticas feitas pelo seu pai à liderança comunista da China.

A imprensa de Taiwan revelou que Hao Runze, filho do antigo internacional chinês Hao Haidong, foi afastado pelo clube sérvio Radnicki Nis, após o seu pai ter denunciado o Partido Comunista ChInês, na semana passada, por altura do 31º aniversário do massacre da Praça de Tiananmen.

Hao aparece num vídeo difundido 'online', a jurar lealdade ao "Estado Federal da Nova China", uma alegada alternativa ao Partido Comunista Chinês (PCC), estabelecido pelo bilionário Guo Wengui, que vive exilado em Nova Iorque.

O ex-futebolista surge a ler um manifesto de 18 pontos, no qual exige o fim da atual estrutura de poder e classifica o PCC de "organização terrorista", que "atropela a democracia", viola o Estado de Direito e faz contratos que não pretende manter.

O antigo futebolista também abordou alguns dos tópicos mais sensíveis da China, pedindo autonomia para Hong Kong, as regiões de Xinjiang e do Tibete, e para a ilha de Taiwan.

A Sérvia mantém uma estreita aliança política e económica com a China.

Radnicki disse, em comunicado, que o clube rescindiu com Hao depois de o seu contrato, assinado no início deste ano, ter expirado. O atleta rumou ao clube espanhol Recre Granada.

"O Radnicki está no futebol e não na política", assegurou o clube. "Ninguém ligou para o Radnicki, nem pressionou o clube a deixar o jogador sair".

Hao Runze, que atua como defesa, marcou no fim de semana, no empate contra o Napredak, em 30 de maio passado, na sua estreia na liga sérvia.

Hao, de 23 anos, estava a ser elogiado na China por seguir os passos do seu pai na seleção do país.

Hao Haidong, agora com 50 anos foi avançado da seleção chinesa e jogou nos clubes de futebol Bayi e Dalian Shide, e passou ainda pelo clube inglês Sheffield United, mas retirou-se há mais de uma década.

Juntamente com o atual treinador da seleção da China, Li Tie, Hao era uma das estrelas do elenco que realizou a única participação da China num Mundial de futebol, em 2002, no qual a seleção chinesa perdeu os três jogos da fase de grupos e não marcou nenhum golo.

Hao ainda detém o recorde nacional de golos pela seleção, com 41 remates certeiros, em mais de 100 jogos pela China, e é também o maior goleador de todos os tempos na liga chinesa, com 96 golos.

Após o vídeo ser difundido, a conta de Hao no Weibo, uma rede social chinesa semelhante ao Twitter, foi rapidamente apagada. O jornal desportivo Titan condenou Hao num artigo por "prejudicar a soberania nacional" e comprometeu-se a nunca mais lhe dar destaque.