O espanhol Andoni Zubizarreta e Jorge Costa, antigo capitão do FC Porto, mostraram-se hoje empenhados em transformar a organização do futebol ‘azul e branco’, caso André Villas-Boas vença as eleições dos vice-campeões nacionais.

“Foi muito fácil [aceitar um eventual regresso aos ‘dragões’]. O FC Porto é o meu clube, a minha casa e a minha paixão e sou portista desde que me lembro. Não poderia dizer que não à oportunidade de voltar a esta casa pela porta grande. Sinto que podemos ser uma lufada de ar fresco e trazer coisas novas”, admitiu Jorge Costa, ao ser apresentado pela candidatura “Só há um Porto”, numa sessão realizada em sede de campanha, no Porto.

Oito vezes campeão nacional pelo FC Porto, ao serviço do qual se formou e competiu na equipa principal entre 1992 e 2005, o antigo defesa central internacional português Jorge Costa foi escolhido por André Villas-Boas para liderar o futebol profissional dos ‘dragões’.

“Estou muito feliz. Vou fazer a ponte de ligação entre as equipas de sub-19, B e principal, sempre em sintonia com o presidente, o diretor desportivo e os restantes departamentos. Acima de tudo, tenho uma missão: servir o FC Porto, não me servir do FC Porto”, atirou.

Vinculado até ao final da época ao AVS, segundo classificado da II Liga, o atual treinador, de 52 anos, conquistou também cinco Taças de Portugal, quatro Supertaças Cândido de Oliveira, uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA ou uma Taça Intercontinental com o clube ‘azul e branco’, descartando “ter caído no esquecimento dos verdadeiros portistas”.

“Agradeço ao AVS pela compreensão que teve para com esta situação. As coisas estão esclarecidas. Vou continuar até ao fim da época. Espero ter muito sucesso e comemorar duas vezes em pouco tempo”, desejou, apontado ao triunfo da lista B nas eleições do FC Porto e a uma inédita promoção ao escalão principal do clube sediado na Vila das Aves.

André Villas-Boas entregará a liderança da estrutura do futebol ‘azul e branco’ ao antigo guarda-redes internacional espanhol Andoni Zubizarreta, de 62 anos, com quem já tinha trabalhado de 2019 a 2020, aquando da passagem pelos franceses do Marselha, último dos sete clubes por si orientados em pouco mais de uma década como técnico principal.

“O que me fez aceitar o desafio? Isto [aponta para uma plateia cheia]. Para mim, o futebol é uma paixão. Foi o que aprendi no Athletic Bilbau, que é o meu clube desde pequeno. A partir de agora, será o FC Porto. Tenho a ilusão de estar num autêntico clube. Isso é uma grande honra”, frisou o basco, opção do ex-técnico dos ‘dragões’ para diretor desportivo.

Andoni Zubizarreta está inativo desde que evoluiu como diretor desportivo em França, de 2016 a 2020, replicando as funções exercidas anteriormente com o Athletic Bilbau (2001-2004) e o FC Barcelona (2010-2015), clubes espanhóis nos quais alinhou como jogador.

“Consciência do ADN do FC Porto? Posso olhar aqui ao lado [para Jorge Costa] e tenho uma das respostas. Quando defrontava o FC Porto há uns anos, sempre tive a sensação de que era uma equipa com jogadores competitivos, intensos, com ritmo, boa qualidade técnica, boa compreensão do jogo e, sobretudo, um amor à camisola muito grande. São elementos que estão no ADN de um clube que quer competir ao mais alto nível”, indicou.

Andoni Zubizarreta terá sob sua alçada diretores para as áreas do futebol profissional, da prospeção, da formação, da performance e do futebol feminino e prometeu reservar um primeiro olhar para os jogadores vinculados ao clube, vendo no progresso da formação e na captação de talento jovem soluções para conjugar as metas desportivas e financeiras.

“Temos de chegar ao mercado antes dos outros, não por sermos mais rápidos, mas por apresentarmos um projeto atrativo. O ‘scouting’ é uma área delicada e tenho a ideia de a partilhar com todos. Há que lançar linhas de sucessão, que, desde a primeira equipa até aos sub-16, nos indicam que jogadores existem por posição e em quais delas nos faltam opções. É um trabalho que exige tempo e a comunicação tem de ser contínua”, finalizou.

As eleições dos órgãos sociais do FC Porto para o quadriénio 2024-2028 são disputadas por três candidaturas, encabeçadas pelo atual presidente ‘azul e branco’, Pinto da Costa (lista A), André Villas-Boas (B) e Nuno Lobo (C), empresário e professor, incluindo ainda uma lista independente ao Conselho Superior comandada por Miguel Brás da Cunha (D).

O ato eleitoral decorre em 27 de abril, das 09:00 até às 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, numa altura em que Pinto da Costa está a cumprir o 15.º mandato seguido, desde 1982, detendo o estatuto de dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial