Uma argentina de 90 anos, que vive em Israel, conseguiu evitar ser sequestrada durante o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita ao mencionar o nome do compatriota e astro do futebol Leo Messi.

Ester Cuño vivia com a família num ‘kibutz’ – comunas agrícolas em Israel – na cidade de Nir Oz, na fronteira com Gaza, quando operacionais do Hamas raptaram oito membros da sua família.

A idosa, por outro lado, escapou após citar o nome do astro argentino.

O filme 'Vozes de 7 de Outubro', de um ‘media’ israelita de língua castelhana Fuente Latina, contou a história que Ester Cuño viveu naquele dia fatídico, quando dois atacantes palestinianos armados entraram na casa da nonagenária, enquanto outros terroristas atacavam a sua comunidade.

Ao entrar na sua casa, onde a mulher morava sozinha, os agressores exigiram saber o paradeiro dos seus familiares, mas a mulher manteve a compostura e levou a conversa para o futebol.

Naquele dia, o Hamas matou, raptou ou feriu aproximadamente um quarto dos residentes daquela comunidade.

Ester contou que a sua sobrevivência deveu-se à conversa que manteve com os atacantes.

Após contar que era argentina como Messi, um dos agressores disse-lhe que era um grande fã do capitão da seleção de futebol da Argentina.

Depois disso, o palestiniano fez a idosa posar para uma foto caricata, que viralizou nas redes sociais, onde a argentina surge com uma arma ao colo e o terrorista do Hamas.

A reportagem dá voz aos protagonistas dos horrores, convidando os espetadores a mergulhar nas suas experiências trágicas, mas também no que significa ser latino-americano em Israel.

“Este documentário é único porque destaca a comunidade de língua castelhana em Israel e transmite as suas histórias de horror e heroísmo face ao ataque do Hamas a milhões de hispânicos em todo o mundo”, realçou Leah Soibel, diretora executiva e fundadora da Fuente Latina.

A 7 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 154.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 30.800 mortos, pelo menos 72.298 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.