Os cânticos considerados racistas, que foram entoados pelos jogadores da Argentina após a vitória na Copa América, ainda estão no centro da polémica.

Julio Garro, subsecretário do Desporto da Argentina, defendeu que Lionel Messi, na qualidade de capitão da seleção, e Chiqui Tapia, presidente da federação, devem pedir desculpas aos franceses pelo momento que se tornou viral pela negativa.

"O capitão da seleção nacional deve pedir desculpas. O mesmo para o presidente da AFA [federação da Argentina]. Deixa-nos, como país, mal vistos depois de tanta glória", considerou o dirigente.

Aliás, esta questão chegou às mais altas instâncias do futebol mundial, o que levou a FIFA a abrir um inquérito para apurar os factos e determinar possíveis sanções.

“A FIFA tomou conhecimento de um vídeo a circular nas redes sociais e o incidente está a ser investigado. A FIFA condena firmemente todas as formas de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, adeptos e dirigentes”, explicou o organismo.

Esta posição da FIFA está relacionada com uma queixa da Federação Francesa de Futebol (FFF), cujos jogadores foram visados nesse vídeo, o que motivou a entidade a avançar com uma queixa na justiça, por “insultos racistas e discriminatórios”.

"Dada a gravidade dos comentários chocantes, contrários aos valores do desporto e dos direitos humanos, o presidente da FFF contactou diretamente o seu homólogo argentino e a FIFA, e decidiu apresentar uma queixa em tribunal por insultos raciais e discriminatórios", informou a federação gaulesa.

Os referidos cânticos que se escutam no vídeo feito no autocarro argentino, no qual Enzo Fernández aparece a cantar em grande plano e a filmar, começaram com alguns adeptos albicelestes durante o Mundial'2022, que brincaram com a ascendência africana dos jogadores gauleses, além de conter um comentário transfóbico sobre um alegado relacionamento de Kylian Mbappé.

Mas a situação não se ficou por aqui: a atitude do jogador do Chelsea, levou também o clube inglês a abrir-lhe um processo disciplinar.

“O Chelsea considera completamente inaceitáveis quaisquer formas de comportamentos discriminatórios. Orgulhamo-nos de ser um clube diverso e inclusivo, no qual todas as pessoas, de todas as culturas, comunidades e identidades são bem-vindas. Temos em conta e apreciamos o pedido de desculpa público do nosso jogador e usaremos isso como uma oportunidade para educar. O clube instaurou um processo disciplinar interno”, comunicou o clube londrino.

Todas estas ramificações do problema levaram ainda a que Enzo Fernández tenha publicado um pedido de desculpas nas redes sociais. “A canção inclui linguagem muito ofensiva e não existe qualquer desculpa para estas palavras. Sou contra todas as formas de discriminação e peço desculpa por me ter deixado levar pela euforia na celebração da Copa América”, escreveu o médio.

A Argentina, campeã mundial em título, venceu no domingo à noite, pela segunda vez consecutiva, a Copa América, triunfando na final frente à Colômbia (1-0), com um golo marcado por Lautaro Martínez já no prolongamento (112 minutos).