O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) criticou hoje a ausência de “uma linha orientadora” para o desporto nacional nos programas partidários, mostrando-se reticente quanto a uma mudança de paradigma no setor após as eleições legislativas de domingo.

“É o habitual. Creio que não há nenhuma novidade nessa matéria. Não tivemos nenhuma surpresa, nem boa nem má. É igual”, respondeu, ao ser questionado sobre o facto de não se ter falado de desporto na campanha eleitoral.

José Manuel Constantino admitiu que, “no essencial”, os partidos ignoraram nos seus programas eleitorais as recomendações feitas pelo COP, em 30 de janeiro, nas quais o organismo apontava como prioritárias as alterações do estatuto do dirigente desportivo em regime de voluntariado, do modelo de financiamento do desporto nacional e da orgânica do Instituto Português do Desporto e Juventude.

“Com toda a franqueza, não há uma linha orientadora em nenhum programa eleitoral que faça perceber qual é o sentido que se pretende para o desenvolvimento desportivo nacional e quais são as medidas de política desportiva que se pretendem implementar. Com todo o respeito que me merecem os partidos políticos, […] não encontro em nenhum dos programas que foram apresentados uma linha orientadora que defina um sentido, que defina um caminho, que faça uma avaliação da situação e que defina metas e objetivos a atingir com o mínimo de sentido possível”, defendeu.

Consequentemente, o dirigente olímpico mostrou-se reticente quanto a uma eventual alteração da política desportiva por parte do Governo resultante das eleições legislativas de domingo.

“Gostava de ser surpreendido com boas notícias e com boas medidas de política desportiva. Mas, até à presente data, não encontro nenhum dado tangível que me faça sustentar essa possibilidade. Mas pode haver uma surpresa”, concluiu, em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de homenagem às atletas pioneiras em cada modalidade na representação de Portugal em Jogos Olímpicos, que teve hoje lugar na sede do organismo, em Lisboa.