A terça-feira é o dia preferido da semana de Micaela Fernandes, Flor Figueiredo, Leandro Silva e da maioria dos meninos que, desde o início do ano letivo, tiveram a oportunidade de praticar três atividades náuticas.

Micaela Fernandes tem 10 anos, frequenta o 4.º ano e gosta tanto de surf como de vela ou de canoagem.

“Não tenho uma atividade preferida, gosto muito de todas: são todas divertidas! A terça-feira é o meu dia preferido da semana!”, atirou, com um sorriso rasgado.

No primeiro semestre do ano letivo, a Micaela e os outros alunos do 4.ºano da Escola Básica da Boa Hora tiveram a oportunidade de aprender surf. Já neste último semestre, os alunos do 4.º ano têm praticado vela e canoagem.

“É mais divertido andarmos neste tipo de atividades, ao ar livre e na água. Adoro canoagem, fortalece os músculos”, considerou Sofia Monteiro, de 10 anos, antes de entrar na Ria, na zona do Centro Náutico.

As preferências pelas diferentes atividades náuticas vão-se dividindo, mas nem a temperatura da água, em dias mais frios, lhes roubou o entusiasmo ao longo do ano.

“Estou a adorar aprender vela. Gosto muito de barcos e de andar na água, mesmo que esteja fria!”, referiu Maria Eduarda, de 10 anos.

Já na Praia da Vagueira, são os alunos do 3.ºano da Escola Básica da Boa Hora que aprendem a surfar e “a ler” o mar, depois de no primeiro semestre do ano letivo terem tido a oportunidade de praticar vela e canoagem.

Camila Oliveira, de 09 anos, contou que tem tido alguma dificuldade em equilibrar-se na prancha de surf, mas já conseguiu “algumas vezes”.

“Tem sido muito divertido, mas acho que prefiro o surf e a canoagem. Na vela, não podemos sair para a água”, acrescentou.

Bianca Tavares, de 08 anos, não sabia muito bem o que era o surf até experimentar nos últimos meses.

“Gostava de ser surfista, agora é o meu desporto preferido, porque adoro o mar”, disse.

As atividades náuticas são lecionadas por dois professores das atividades de enriquecimento curricular (AEC), que contam com a colaboração de três treinadores: Sérgio Santos, do Sporting Clube de Aveiro, para a canoagem; Miguel Rocha, da Associação de Surfistas de Vagos, para o surf; e João Santos, do Clube de Vela da Costa Nova, para a vela.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do Agrupamento de Escolas de Vagos, Hugo Martinho, sublinhou a importância deste projeto-piloto, desenvolvido em ligação com a Câmara Municipal de Vagos, que é a promotora das AEC.

“Aproveitaram-se as sinergias do Centro de Formação Desportiva do Desporto Escolar Náutico, valorizando-se o nosso território, nomeadamente a ria e o mar”, destacou.

Com o ano letivo quase a terminar, “é visível a agilidade e autonomia que os alunos foram adquirindo”.

“O barco de apoio está sempre a acompanhar as atividades, mas eles já andam de canoa sozinhos. Tenho a certeza de que vão encarar a ria e a água de outra forma, quer em termos de preservação ou até promoção turística, quem sabe”, referiu.

À Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Vagos, Silvério Regalado, evidenciou que este projeto visa, sobretudo, “aproveitar as belezas naturais do concelho, ligadas aos desportos náuticos”.

“Temos mar e temos ria e, desde há alguma tempo a esta parte, temos feito por aproveitar estas belezas naturais, colocando-as à disposição dos nossos alunos. É também uma forma de lhes dar a conhecer um pouco o território e a prática de desportos náuticos”, explicou.

De acordo com o autarca, estas atividades servem também para ensinar os alunos a lidar com o mar e com a ria, ensinando-os “a gerir a sua interatividade com estes recursos naturais”.

“No fundo, promovemos a prática desportiva, promovemos temas tão importantes como a questão do ambiente e a preservação da nossa biodiversidade e dos nossos ecossistemas. É também mais uma atividade que os retira da escola e os coloca no processo de aprendizagem no terreno, que achamos relevante”, sustentou.

A prática de desportos náuticos “já está generalizada a partir do 2.º ciclo”, tendo este ano letivo chegado ao 1.º ciclo, através deste projeto-piloto, que decorreu com alunos da Escola Básica da Boa Hora, “pela facilidade de transporte, devido à proximidade geográfica ao rio e ao mar”.

“No final do ano letivo iremos fazer o balanço de como decorreu todo este processo e a hipótese de alargarmos este projeto a outras escolas está em cima da mesa. É uma bela forma de lhes incutirmos o gosto pelas atividades náuticas, de ajudarmos a criar melhores homens e mulheres, com respeito pela biodiversidade e ecossistemas, para além do processo formativo em relação aos perigos no mar”, concluiu.