Rodolfo Alves tem três medalhas em Jogos Paralímpicos, no atletismo, mas não quer ficar por aqui, e aos 46 anos juntou a natação e o ciclismo para tentar voltar ao topo, agora pela porta do triatlo.

O triatleta madeirense, com um problema de hipermetropia profunda e estrabismo desde nascença, é o único inscrito na sua classe na Taça do Mundo de Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, marcada para sábado.

O objetivo para a temporada, diz em entrevista à agência Lusa, é simples, mas nem por isso ambiciosa, depois de em junho ter sido 11.º na Taça do Mundo da Corunha, com 1:19.15 horas de tempo, ao lado do guia, Bruno Freitas.

“Quero melhorar o meu tempo e a minha melhor marca, que ronda uma hora e 19 minutos. A minha expectativa é baixar de uma hora e 10”, revela o atleta natural do Caniçal, na ilha da Madeira.

Chegar a esse registo permitir-lhe-ia “entrar nos oito a 12 melhores do mundo e aceder a campeonatos da Europa, do mundo e a Jogos Paralímpicos”, um sonho que tem bem presente.

Chegou ao triatlo em 2018, mas muito antes, em Sydney2000 e Atenas2004, já somava medalhas paralímpicas, mas no atletismo, com dois ouros e um bronze, duas delas nos 400 metros e outra nos 4x400 metros.

A idade afastou-o da velocidade, e depois de falhar os Jogos Paralímpicos Rio2016, ficou “no vazio”: “Sentia que precisava de treinar, o treino tinha de ter algum objetivo, ultrapassar etapas”.

Conheceu o paratriatlo e foi derrubando barreiras, até porque não sabia nadar, ou melhor, “só com a cabeça fora de água”, e teve uma relação difícil de estabilizar com a bicicleta.

“Tive de me adaptar, comprar uma [bicicleta] tandem, levantar-me de manhã cedo para fazer a natação, e depois vinha fazer atletismo no meu local de trabalho, o Estádio de Câmara de Lobos. Antes da hora do meu serviço, faço a minha prática de atletismo”, conta.

Como sempre gostou “de praticar desporto” e desde os 18 anos que o pratica ao mais alto nível, com muitos anos “no alto rendimento, em que aquilo doía forte e feio”, mantém a determinação em ser bem sucedido, agora numa disciplina em que é acompanhado pelo guia nas três etapas da prova.

“Treinei muitos anos no Estádio Universitário e sei o que é treinar, o que é fazer provas. Aquela adrenalina de estar num estádio olímpico duas horas antes de uma prova em que temos de dar tudo”, justifica, quando questionado sobre de onde vem a força e motivação para continuar.

Se treinar “é o mais difícil”, nas provas diverte-se, conta, mesmo nas fases difíceis, como na natação, em que se entra “num escuro, um vazio tremendo”: “Ao sair da água saio estonteado, tento ir fazer reconhecimento antes das provas”.

De resto, espera que mais pessoas possam descobrir o paratriatlo, sobretudo entre atletas com problemas de visão, até porque em Portugal, afirma, são só três: ele próprio, Nuno Dias e Gabriel Macchi.

Alhandra recebe este fim de semana a Taça do Mundo de paratriatlo, em várias classes, e a Taça da Europa de triatlo, com mais de uma dezena de atletas portugueses convocados para os dois eventos.

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