Os órgãos sociais do Comité Olímpico de Portugal (COP) tomaram hoje posse com o objetivo primordial de “manter o nível idêntico” dos resultados desportivos do último ciclo olímpico, afirmou o presidente reeleito, José Manuel Constantino.

“Do ponto de vista dos resultados desportivos, [queremos] manter o nível idêntico ao alcançado no ciclo olímpico de Tóquio, reforçando os apoios à preparação olímpica, atletas, treinadores e federações”, realçou o dirigente, no final da tomada de posse.

Fora do âmbito desportivo, de “natureza cultural”, José Manuel Constantino também pretende “iniciar os trabalhos relativos à casa do olimpismo e museu olímpico”, com a intenção de, “se não deixar concluído, pelo menos deixar iniciado durante o mandato”.

No ato eleitoral de 10 de março, José Manuel Constantino foi reeleito para um terceiro mandato na presidência do organismo com 100% dos votos expressos, somando 153 em 182 possíveis, num sufrágio ao qual o dirigente, de 71 anos, não teve concorrência.

“Sinto o reconhecimento pelo trabalho que realizámos no ciclo olímpico anterior, mas também responsabilidade da votação expressiva, que cria expectativas relativamente à continuação desse trabalho. Espero estar à altura deste desafio”, salientou o dirigente.

O mandato, até ao primeiro trimestre de 2025, será inevitavelmente muito diferente”, por ser “mais pequeno” e por ocorrer “num contexto distinto de anos anteriores”, com a situação pandémica e o conflito armado na Europa a criarem preocupações futuras.

“Espero que seja encontrada uma solução pacífica para as relações entre estes dois estados soberanos e que permita o regresso ao convívio desportivo quer dos atletas de uma parte, quer da outra. O que está a ocorrer vai ter impacto nas economias do país e o meu receio é que esse impacto possa ter efeitos negativos sobre o nosso sistema desportivo, que já é, por si só, um sistema débil e mais fraco do que os outros”, disse.

Sobre as relações com o Governo, José Manuel Constantino espera que “possa haver alguma aproximação” entre a proposta do COP e o propósito do Governo anterior, no qual havia “algum distanciamento”, embora tenha frisado não existir “inflexibilidade”.

“A situação desportiva em Portugal não mudou da noite para o dia e não garante a sustentabilidade dos resultados alcançados. A atenção que as instâncias nacionais têm dado ao desporto tem sido globalmente fraca. Pese embora a boa vontade dos decisores políticos em encontrar soluções mais ágeis ou compromissos possíveis para mitigar estes obstáculos, impendem problemas estruturais”, realçou, no seu discurso.

Por outro lado, o secretário de Estado do Desporto e da Juventude (SEJD), João Paulo Rebelo, que também discursou na cerimónia, no Centro Cultural de Belém, sublinhou que sempre conviveu bem com a avaliação “crítica, mas justa” feita por Constantino.

“Deveríamos todos, enquanto sociedade, valorizar mais o desporto. Sinto a consciência tranquila de ter feito a minha parte. Creio que reconhecerão que houve sempre, da minha parte, abertura para discussão e resolução de problemas”, frisou o governante.

João Paulo Rebelo lembrou a interlocução “sempre muito respeitosa de parte a parte, com alguma divergência”, considerando que o desporto foi um dos setores que “mais e melhor soube lidar com a crise pandémica”, reconhecendo, no entanto, dificuldades.

“Seguramente em breve teremos notícias para o COP, que serão as notícias que o COP pretenderá para continuar a fazer o seu trabalho. Não acompanharão uma ambição maior. Os recursos são limitados e não é possível entregarmos tudo o que seria desejável por quem quer fazer o seu melhor trabalho”, atirou, no final da intervenção.

José Manuel Constantino terá a continuidade de Artur Lopes e Vicente Araújo na vice-presidência, numa comissão reforçada com João Paulo Villas-Boas, Sameiro Araújo e Ulisses Pereira, ao invés de Rosa Mota, António Aleixo e Hermínio Loureiro, enquanto Marçal Grilo volta a encabeçar o Conselho de Ética e Leandro Silva o Conselho Fiscal.

Natural de Santarém, Constantino foi eleito pela primeira vez presidente do COP em 26 de março de 2013, sucedendo a Vicente Moura, ao conquistar 92 votos, face aos 67 do rival Marques da Silva, e reeleito em 23 de fevereiro de 2017, com 144, aqui a solo.