Ruben Guerreiro não trocaria o protagonismo partilhado com João Almeida na 103.ª Volta a Itália por um maior destaque individual, até porque “desde pequenino” que pensava que gostaria de contribuir para o ciclismo em Portugal.

“Se tivesse de escolher, escolhia os dois [como protagonistas]. Fiquei bastante contente como português pelo João e motivou-me também a conseguir os meus objetivos e, por mim, passo bem ao lado de ser o protagonista, não tenho esse pensamento, de ser o protagonista das corridas. Faço sempre a minha corrida, sou muito ambicioso, luto pelos meus objetivos, mas se me dissessem isto antes do Giro, preferia partilhar este papel com o João”, dispara ao ser questionado sobre se gostaria de ter tido os ‘holofotes’ da atenção mediática nacional focados só em si.

Repetidamente elogiado por João Almeida, que se tornou no melhor ciclista português de sempre no Giro ao ser quarto classificado na 103.ª edição, prova que liderou durante 15 dias, o ciclista da Education First recorda que, embora em equipas diferentes, queria ajudar o jovem da Deceuninck-QuickStep “como português e como amigo” enquanto este esteve lutava pela vitória na ‘corsa rosa’.

“A minha tarefa não era nada fácil e havia etapas em que já estava esgotado depois daquele trabalho [para conquistar a camisola da montanha], mas uma palavrinha de amigo é sempre fundamental. Queria ajudar o João nem que fosse com um empurrãozinho sem as câmaras estarem a filmar. Foi o melhor que fiz, o máximo possível, e acho que isto não fica por aqui”, refere, reconhecendo que, apesar de ser “difícil repetir outra proeza destas”, os dois são novos e podem “pensar alto”.

“Agora, vamos ter de pedalar ainda com mais força, mas para mim isso é uma pressão muito positiva. Eu gosto de pressão, desse tipo de pressão, ainda me motiva mais. Agora, quando vou correr, penso nos portugueses e isso vai ser uma motivação extra”, assume.

O ciclista de Pegões Velhos, no Montijo, conta à Lusa que “desde pequenino que pensava que gostava de ser ciclista profissional e contribuir para o ciclismo em Portugal”. “Tenho esse instinto, porque tivemos sempre grandes corredores, mas o ciclismo pode mudar um bocadinho. Sempre gostei de ajudar e, se calhar, isto é uma forma de ajudar o ciclismo em Portugal”, destaca.

Feliz por ter sido recebido, juntamente com João Almeida, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e por saber que a figura máxima do país está atenta à sua modalidade, o jovem de 26 anos deseja agora que os feitos do ciclismo português sejam cada vez maiores.

“Esperamos também que os nossos ciclistas, como os que estão lá fora – o Rui Costa, o Nelson [Oli, os irmãos [Ivo e Rui Oliveira], o André [Carvalho], que agora está na Cofidis, e outros tantos bons – consigam também vitórias, porque dois é melhor do que um, mas três, ou quatro, ou cinco, ou 10 é melhor ainda. Vamos fazer de tudo para que Portugal seja um grande país de ciclismo”, afiança.