A 'mina de diamantes' do atletismo sul-africano é rica e prepara-se para brilhar nos Mundiais de atletismo de Londres, não só através de Wayde Van Niekerk, recordista dos 400 metros.

"Pressentia-se uma ebulição desde há anos, mesmo tendo em conta que regularmente havia atletas de valor, mesmo desde os tempos do 'apartheid', explica Ans Botha, de 74 anos, a treinadora de Niekerk, o atleta que o mundo descobriu com a fabulosa prestação no Rio2016.

Niekerk dá-lhe razão, quando dedica os seus triunfos à mãe, Odessa Swarts, uma velocista que o isolamento internacional da África do Sul, por causa do ‘apartheid’, impediu de correr fora do país.

Desses tempos, décadas de 60 e 70, o expoente dos talentosos corredores de 400 e 800 metros é Marcello Frisconaro, de pai italiano, que chegou a recordista mundial de 800 metros, já depois de ser forçado a optar pela nacionalidade italiana.

O novo campeão, nascido na Cidade do Cabo há 25 anos, é o destaque da fortíssima seleção. Um destaque pelas fabulosas marcas aos 100 metros (9,94), 200 (19,84) e pelo seu recorde do mundo de 400 metros, capazes de fazer sombra a Bolt e a todos os velocistas norte-americanos.

Niekerk, também conhecido por WVN, tenta em Londres a muito invulgar dobradinha de 200 e 400, que Michael Johnson conseguiu em 1995 e 1996.

O segundo nome mais forte entre os sul-africanos é, ainda, Caster Semenya, dupla campeã do mundo e olímpica de 800 metros, atleta de aspeto masculino, com níveis de testosterona produzidos elevados.

Em oito anos, a IAAF ainda não soube totalmente lidar com a situação, apenas reconhece, por relatórios médicos, que isso a avantaja face às rivais.

Enquanto isso, a atleta faz o seu caminho e este ano junta aos 800 os 1.500 metros, pelo que aqui se poderá vislumbrar nova ‘dobradinha’ para a Africa do Sul.

Mas há mais 'diamantes' na seleção, como os dois primeiros do 'ranking' do salto em comprimento, Luvo Manyonga (vice-campeão olímpico) e Ruswahl Samaai.

Manyonga, 26, é um caso mediático no atletismo de elite, já que se trata de um jovem que foi recuperado ao mundo da droga e delinquência juvenil. Recordista africano esta época, com, 8,65 metros, assume sem rodeios: "o meu sonho é ser o primeiro a saltar para lá dos nove metros".

Nos 100 metros, Akani Simbine é o terceiro mais rápido do ano e espreita a sua oportunidade numa prova que poderá ser bastante aberta, se Bolt não estiver ao seu melhor.