O espólio do atleta olímpico António Leitão (1960-2012), que em 1984 ganhou a medalha de bronze na prova de 5.000 metros nas Olimpíadas de Los Angeles, foi doado ao Museu Municipal de Espinho, revelou a autarquia.

A doação partiu dos herdeiros do atleta, que, sendo natural dessa cidade do distrito de Aveiro, se tornou reconhecido internacionalmente pelo seu desempenho em corridas de fundo e meio-fundo, primeiro em nome do Sporting de Espinho e depois com o emblema do Benfica, com o qual ganhou a primeira medalha olímpica na história do clube.

"Trata-se de um espólio valioso constituído por mais de 200 peças, entre troféus, medalhas, diplomas, vestuário de corrida e de gala, fotografias, documentos e correspondência pessoal", revelou à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Espinho, Joaquim Pinto Moreira.

Conceição Leitão, irmã do falecido atleta, diz que a transferência dessa coleção foi "maturada e ponderada" durante algum tempo porque "não fazia sentido esse espólio estar guardado numa casa quando devia ser visto por toda a gente, principalmente por quem gosta de atletismo e de desporto".

Pinto Moreira admite que havia "o risco de a coleção ser deslocada para outro município, dado que está em causa um atleta de excelência a nível mundial", mas Conceição Leitão garante que o irmão sempre desejou que essas peças ficassem na cidade onde ele nasceu e "toda a vida treinou e viveu".

"Embora ele corresse com a camisola do Benfica, toda a sua atividade como atleta estava na cidade de Espinho e foi vontade dele que o espólio ficasse aqui, para ser visto por toda a gente. É muito vasto e tem peças muito bonitas, de que as pessoas vão gostar", antecipa.

Esse acervo vai ser agora inventariado pelos serviços de museologia da autarquia, para posterior definição de um projeto expositivo próprio a instalar no Fórum de Arte e Cultura de Espinho, cujo edifício acolhe o Museu Municipal e outras valências culturais do concelho.

A ideia é que a futura "Sala-Museu António Leitão" permita ao público local e a visitantes externos conhecerem a carreira do atleta que, segundo Pinto Moreira, "foi uma figura carismática de Espinho e do desporto em Portugal".

"Deixou um forte legado às seguintes gerações de desportistas, não só pelas suas conquistas atléticas e feitos notáveis, mas também por uma superior conduta moral e ética", realçou o autarca.

António Leitão teve uma carreira de evolução rápida, mas retirou-se cedo da vida desportiva, aos 31 anos, devido a problemas de saúde associados a uma hemocromatose, distúrbio hereditário que faz o corpo absorver ferro em excesso e provoca depósitos desse material em diversos órgãos, danificando-os a ponto de causar morte prematura.

Como fundista, o atleta bateu vários recordes nacionais, mas foi nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (Estados Unidos da América), aos 24 anos de idade, que se consagrou, ao correr os 5.000 metros em 13.09,20 minutos. Com esse tempo, contribuiu para que a edição de 1984 do evento tenha sido das mais memoráveis para Portugal, já que, nessa mesmo ano, também Rosa Mota obteve uma medalha de bronze na maratona feminina e Carlos Lopes a de ouro na masculina.

No mesmo ano, António Leitão ajudou igualmente a seleção portuguesa a garantir o 3.º lugar por equipas no Mundial de Corta-Mato, em Nova Iorque, e foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Para Pinto Moreira, a doação do espólio do atleta ao município é assim uma forma de "preservar a memória de um grande homem, um grande atleta e um grande campeão, que muito dignificou o concelho e levou além-fronteiras o nome de Espinho".

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