O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, classificou hoje como "inexplicável" que as federações desportivas não sejam interlocutoras do governo na tomada de decisões que afetam diretamente o setor.

"É inexplicável que haja preocupação, do ponto de vista da decisão política, relativamente à generalidade dos setores sociais, e, relativamente ao desporto, até à data, isso não tenha existido", disse o líder do COP.

Na segunda Cimeira das Federações Desportivas, que decorreu em Odivelas, o presidente do COP afirmou que o desporto "coloca-se do lado da vida contra a pandemia", mas reiterou que não abrandará a pressão sobre o governo no sentido de fazer perceber a urgência em que o setor se encontra.

"O que sai desta segunda cimeira é um reforço dessa necessidade, uma urgência que é acrescida pelo facto de estarmos a viver uma situação que, expectavelmente, vai ser ainda mais severa da que vivemos anteriormente. Por isso, não esperem das federações desportivas um abrandamento da pressão que temos colocado e à urgência em se encontrarem respostas para ajudar a minimizar a situação que estamos a viver", avisou José Manuel Constantino.

O presidente do COP disse ainda "estranhar" não saber que medidas vão ser adotadas pelo governo se vier a ser decretado um novo confinamento geral.

"Era essencial que, relativamente ao desporto, houvesse um diálogo, uma aproximação e troca de opiniões sobre esta matéria. Estou espantado que estejamos a 24 horas do anúncio de novas medidas de confinamento e, relativamente ao setor desportivo, venhamos a saber o que vai acontecer através dos órgãos de comunicação social", criticou o dirigente desportivo.

Na cimeira hoje realizada, e que aprovou, por unanimidade, a moção estratégica apresentada e baseada na construída há seis meses, na primeira edição, foi ainda decidida a realização de uma campanha publicitária que "vai mobilizar os agentes desportivos e sensibilizar a sociedade portuguesa para a importância de ajudar, revitalizar e valorizar socialmente o desporto", explicou o presidente do COP.

A segunda Cimeira das Federações Desportivas procurou mobilizar o movimento desportivo para a discussão das melhores medidas a adotar no atual contexto pandémico face à ausência de resposta política concreta e reuniu, além do COP, o Comité Paralímpico de Portugal e a Confederação do Desporto de Portugal.

Na primeira Cimeira foi aprovada uma moção, que foi entregue ao governo e à Assembleia da República, que pedia a retoma do desporto em segurança e a criação de condições de sustentabilidade do tecido associativo de base.