Patrícia Mamona já está em Portugal, após sagrar-se vice-campeã olímpica no triplo salto. A atleta do Sporting foi recebida por um batalhão de jornalistas no Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, onde também era aguardada por familiares, amigos e muitos outros portugueses que quiseram dar o apoio à triplista nacional.

A portuguesa de 32 anos disse que ainda está "a tentar perceber o que está a acontecer".

"A receção foi espetacular, as pessoas mais importantes da minha vida, os amigos, o meu clube, fãs, um obrigado. Um agradecimento especial aos portugueses, senti a energia sempre. É um orgulho representar esta nação", disse aos jornalistas.

A medalha de prata no triplo salto nos Jogos Olímpicos de Tóquio garante que os portugueses podem sempre esperar o melhor dela, mesmo que alguns não acreditem ao olharem para os seus 32 anos.

"De mim podem sempre pensar que vou dar tudo. Se calhar muitos não acreditavam em mim, pensavam que já era velha, mas tenho muito, muito para dar. Felizmente, tive uma carreira sem lesões graves o que tem ajudado. Temos de desligar das idades e acreditar que somos capazes. De mim esperem sempre o melhor", garantiu.

Mamona entrou para o restrito grupo de mulheres que conseguiu marcas acima dos 15 metros no triplo salto. O objetivo passar por manter marcas deste calibre nos próximos eventos.

Tóquio2020: José Uva: "Nos treinos tínhamos indicações de que a Patrícia estava na sua melhor forma de sempre"
Tóquio2020: José Uva: "Nos treinos tínhamos indicações de que a Patrícia estava na sua melhor forma de sempre"
Ver artigo

"Não conseguia contentar-me com o recorde pessoal e nacional. Há sempre algo a melhorar. Felizmente tenho uma marca que era algo impensável, estar no patamar dos 15 metros é estar no clube das melhores de sempre. Agora é aproveitar a maré, tenho três anos para preparar os próximos Jogos, entretanto há mundiais e agora é consolidar estes 15 metros", frisou.

A saltadora do Sporting revelou o segredo para uma performance sensacional na final.

"Pela primeira vez treinei a parte emocional e mental. Sabia que ia ser muito difícil, tinha de estar preparada sempre para responder. Só pensei em dar tudo. Fui feliz, vice campeã olímpica, meti Portugal no pódio. É excecional", atirou.

Os 15,01 centímetros podiam dar o ouro mas, do outro lado, estava uma atleta num patamar a parte. A venezuelana Yulimar Rojas dominou o concurso do início ao fim, onde o seu objetivo era bater o recorde mundial. E conseguiu, com um salto espetacular.

"Ouro é sempre um objetivo. O que a Yulimar Rojas fez é um recorde, ela é um fenómeno! Mas é só pensar no que posso fazer e tudo vai ser consequência disso. Qualquer atleta tem de dar o melhor. Não sei quando o meu corpo vai começar a dizer que não...", sublinhou Mamona.

O recorde nacional pulverizado que valeu a prata a Patrícia Mamona
O recorde nacional pulverizado que valeu a prata a Patrícia Mamona
Ver artigo

A tão desejada medalha de Patrícia Mamona chegou aos terceiros jogos olímpicos, algo que a atleta já ambicionava há muito tempo: "Estes são os terceiros Jogos. Quando acabei os primeiros, fiquei um pouco triste porque quando estamos lá queremos sempre mais e foi aí que fiz contrato com o meu treinador e fizemos algo especial. Agora finalmente conseguimos [medalha]. Agora é pensar sempre em melhorar".

Questionada sobre a diferença de investimentos de Portugal em relação aos outros países, a vice-campeã olímpica frisou que "não queria falar tanto na parte negativa", mas recordou que é preciso investir nos atletas desde cedo.

"Os apoios fazem muita diferença em especial em disciplinas técnicas. Se queremos ter um grande lote de atletas de nível... Vim do desporto escolar e temos de investir mais que é aí que estão grandes talentos", lembrou.

Mamona com prata que sabe a ouro, Yulimar Rojas noutra galáxia

A portuguesa, de 32 anos, conquistou a medalha de prata com a marca de 15,01 metros, uma melhoria de 35 centímetros face ao seu recorde nacional (14,66) com que chegou à capital nipónica.

Na final, a portuguesa só foi batida pela ‘extraterrestre’ venezuelana Yulimar Rojas, que começou por bater o recorde olímpico (15,41 metros) e fechou com o recorde do mundo (15,67).

Mamona estabeleceu em 15,01 o recorde nacional – num concurso em que fez três saltos acima da sua anterior melhor marca (14,91, 15,01 e 14,97) – e assegurou o estatuto de vice-campeã olímpica.

A espanhola Ana Peleteiro foi consagrada como medalha de bronze, graças aos 14,87 metros alcançados na final.

Mamona conquistou a 27.ª medalha de Portugal em Jogos Olímpicos, a segunda em Tóquio2020, depois de o judoca Jorge Fonseca ter arrecadado o bronze na categoria de –100 kg e do canoísta Fernando Pimenta ter ganho o bronze na canoagem K1 1.000 metros.