Os Jogos Olímpicos de Verão arrancam já esta sexta-feira, 23 de julho, no Japão, com a cerimónia de abertura no Estádio Olímpico de Tóquio. Tóquio 2020 vai, assim, arrancar em 2021, um ano depois do previsto, devido à COVID-19, pandemia que continuará a condicionar fortemente o evento, que decorrerá sem adeptos.

A magia dos Jogos Olímpicos, contudo, não deixará de lá estar, pelo menos no que toca à performance de grandes atletas, que procurarão seguir o exemplo daqueles que fizeram História ao longo dos tempos e marcaram edições anteriores, pelos seus marcos, feitos e conquistas.

O SAPO Desporto recorda dez dos melhores atletas da história dos Jogos Olímpicos de Verão, sem qualquer ordem específica e sem olhar exclusivamente ao número de medalhas conquistadas, mas também à forma como marcaram as Olimpíadas.

Jesse Owens, o homem que humilhou Hitler em plena Berlim

País: Estados Unidos

Desporto: Atletismo

Medalhas: 4 (4 de ouro)

Um nome que faz parte da História do Deporto, mas também da História Mundial do Século XX. 'Só' ganhou quatro medalhas, é um facto, mas foram todas de ouro e, acima de tudo, o que o tornou numa lenda foi a forma como as ganhou. Foi nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, transcendendo o desporto e quebrando o mito Nazi da superioridade da raça ariana, em solo germânico e com Adolf Hitler a ver.

Owens quebrou vários recordes Olímpicos nesses Jogos e fixou ainda dois máximos mundiais mas, mais do que isso, marcou uma posição contra o racismo de forma mítica, tornando-se inevitavelmente num dos atletas mais marcantes da História dos Jogos. Ainda assim, no regresso ao seu país, e apesar de uma parada em Nova Iorque, acabou por não ser convidado a ir à Casa Branca para assinalar os seus triunfos nos 100 metros, 200 metros, salto em comprimento e estafeta dos 4x400 em Berlim.

Uma Berlim onde, hoje, existe uma rua e uma escola com o seu nome...

Nadia Comaneci, a menina que 'inventou' a nota 10

País: Roménia

Desporto: Ginástica

Medalhas: 9 (5 de ouro, 3 de prata, 1 de bronze)

Tal como Owens, está longe de ser a mais medalhada de sempre no seu desporto. Mas isso não a impede de ser uma das atletas mais marcantes da História dos Jogos, com o seu nome associado à 'perfeição', com uma atuação que a tornou, talvez, na ginasta mais famosa de todos os tempos.

Foi em 1976, nos Jogos Olímpicos de Montreal. Tinha apenas 14 anos quando recebeu o primeiro '10' numas Olimpíadas. Algo de tal forma inédito que nem o próprio quadro eletrónico que exibia as pontuações estava preparado. O quadro apenas exibia pontuações até 9.9, pelo que para Comaneci exibiu um 1.00. A romena recebeu, ao todo, sete pontuações perfeitas, nesses jogos, conquistando três medalhas de ouro individuais e tornando-se na mais jovem ginástica da História a ganhar o concurso 'all-around' em Jogos Olímpicos.

Quatro anos depois, em Moscovo, conquistou mais duas medalhas de ouro...e somou mais dois '10' perfeitos.

Mark Spitz, o nadador de bigode que fez História em Munique

País: Estados Unidos

Desporto: Natação

 Medalhas: 11 (9 de ouro, 1 de prata, 1 de bronze)

Com um bigode icónico que o celebrizou para sempre, Mark Spitz foi durante muito tempo o nadador olímpico mais medalhado da história, antes de surgir um tal de Michael Phelps (já lá vamos). Spitz venceu todas as sete provas em que participou nos Jogos Olímpicos de 1972, quebrando sempre os recordes do mundo, e essas sete medalhas de ouro conquistadas em Munique, numa só edição dos Jogos Olímpicos, mantiveram-se como um recorde durante 36 anos, até serem ultrapassadas pelo registo de Phelps, em 2008.

Entre 1968 e 1972, Mark Spitz fixou 35 recordes do mundo e é um dos cinco atletas olímpicos da História a ter conquistado nove ou mais medalhas nas olimpíadas.

Larisa Latynina, a atleta mais medalha de sempre em Olimpíadas

País: União Soviética

Desporto: Ginástica

Medalhas: 18 (9 de ouro, 4 de prata e 5 de bronze)

Larisa Latynina ostentou o recorde total de medalhas olímpicas conquistadas durante 48 anos. Continua, ainda hoje, a ser a mais condecorada das ginastas olímpicas e a única a ter conquistado oito títulos olímpicos. Foi graças a ela que a União Soviética se tornou, em finais da década de 1950 e inícios da década de 1960, numa super-potência da ginástica mundial.

Foi a primeira atleta feminina a ganhar nove medalhas de ouro olímpicas em qualquer desporto e é vista por muitos como a melhor ginasta de todos os tempos. Tinha apenas 21 anos quando conquistou quatro ouros em Melbourne 1956. Ninguém, a não ser Phelps, ganhou mais medalhas olímpicas e continua a ser a mulher mais medalhada de sempre em Jogos Olímpicos.

Teófilo Stevenson, o lutador de boxe cubano que nunca quis ser profissional

País: Cuba

Desporto: Boxe

Medalhas: 3 (3 de ouro)

Teófilo Stevenson é um dos três únicos lutadores de boxe da História a ter conquistado três medalhas de ouro olímpicas. Fê-lo entre 1972 e 1980 e poderia ter ido ainda mais além se Cuba não tivesse boicotado os Jogos de 1984 e 1988.

Começou a dar que falar quando, no seu combate nos quartos-de-final dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, derrotou o norte-americano Duane Bobick, contra quem já tinha perdido no passado. A luta durou até ao último round, no qual Stevenson fez Bobick ir ao tapete por três vezes antes de o combate ser interrompido e o cubano ser declarado vencedor.

O cubano acabou por nunca se tornar lutador de boxe profissional. Chegaram a oferecer-lhe 5 milhões de dólares para lutar contra Muhammad Ali, mas rejeitou a oferta afirmando: "O que são esses cinco milhões de dólares comparados com o amor de oito milhões de cubanos?".

Carl Lewis, o sucessor de Jesse Owens

País: Estados Unidos

Desporto: Atletismo

Medalhas: 10 (9 de ouro, 1 de prata)

Para muitos, o melhor atleta olímpico do século XX e um dos maiores nomes a História do atletismo. Carl Lewis estreou-se nos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984 (o seu registo de medalhas podia ser ainda maior não fosse o boicote dos EUA aos Jogos Olímpicos de 1980, em Moscovo), onde replicou o feito de Jesse Owens ao conquistar medalhas de ouro nos 100 e 200, na estafeta dos 4x400 e no salto em comprimento.

Mas não se ficou por aí e estendeu o seu medalheiro pelas três Olimpíadas que se seguiram, dominando em particular o salto em comprimento, com mais três títulos olímpicos na prova, sendo um dos únicos três atletas olímpicos a ter ganho quatro medalhas de ouro consecutivas no mesmo evento. O domínio de Carl Lewis no salto em comprimento foi por demais evidente, com o norte-americano a somar 65 triunfos seguidos ao longo de dez anos.

Um dos ouros, porém, chegou depois de cruzar a meta em segundo lugar. Foi na corrida dos 100 metros dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, quando ficou atrás de do canadiano Ben Johnson, que até fixou um novo recorde do mundo na corrida antes de testar positivo ao uso de esteróides.

Birgit Fischer, a segunda mulher mais medalhada da História Olímpica

País: Alemanha

Desporto: Canoagem

Medalhas: 12 (8 de ouro, 4 de prata)

Ninguém na canoagem olímpica conquistou mais medalhas do que ela e é, além disso, a segunda atleta feminina com mais medalhas em Jogos Olímpicos, apenas superada por Larisa Latynina. Birgit Fischer conquistou oito medalhas de ouro, e 12 no total, ao longo de seis Jogos Olímpicos, espalhados por quase um quarto de século.

Além disso, foi ao mesmo tempo a atleta mais nova e mais velha de sempre (18 anos e 42 anos) a conquistar medalhas na canoagem olímpica. Nenhum alemão ganhou tantas medalhas olímpicas como ela. E, em termos de Jogos Olímpicos de Verão, apenas é superada por Michael Phelps, Larissa Latynina , Paavo Nurmi, Mark Spitz e Carl Lewis.

Aladar Gerevich, o melhor esgrimista de todos os tempos

País: Hungria

Desporto: Esgrima

Medalhas: 10 (7 de ouro, 1 de prata, 2 de bronze)

Ninguém na esgrima conquistou tantas medalhas de ouro olímpicas como ele (embora outro esgrimista da sua era, o italiano Edoardo Mangiarotti, tenha totalizado 13 medalhas). Considerado por muitos como o melhor de todos os tempos com o sabre na mão, Aladar Gerevich é o único atleta olímpico a ter vencido o mesmo evento (sabre por equipas) seis vezes, a última das quais quando já tinha 50 anos, em 1960.

E os seus feitos poderiam ter sido ainda maiores se tivermos em conta que por entre as suas participações olímpicas duas olimpíadas não se realizaram devido à 2ª Guerra Mundial.

A marcar ainda mais a sua posição como um dos melhores da História dos Jogos Olímpicos está, pois, o facto de a primeira e a última medalha olímpica estarem separadas por 28 anos de distância. Algo sem igual.

Usain Bolt, o relâmpago jamaicano

País: Jamaica

Desporto: Atletismo

Medalhas: 8 (8 de ouro)

Indiscutivelmente, o homem mais rápido de todos os tempos, Usain Bolt dominou as provas de velocidade do atletismo Olímpico em três Jogos consecutivos, tornando-se num ícone mundial cuja fama extravasa o desporto. Fez, por três vezes seguidas, em 2008/2012 e 2016, a 'dobradinha' dos 100 e 200 metros, com algumas prestações verdadeiramente memoráveis e quebrando vários recordes pelo meio.

Após uma estreia 'em branco' em Atenas, em 2004, correspondeu por inteiro às expetativas que já existiam à sua volta em Pequim 2008, vencendo confortavalmente os 100 metros com um tempo recorde apesar de ter começado a abrandar para celebrar ainda antes de cortar a meta. Depois, não teve contemplações nos 200 metros quebrando o recorde do mundo mesmo com vento contra. E, depois, ajudaria também a Jamaica a bater o recorde do mundo na estafeta dos 4x100. Tornou-se, então, no primeiro homem desde Carl Lewis em 1984 a conquistar o ouro nas três especialidades. Porém, a medalha de ouro na estafeta ser-lhe-ia retirada - a ele e aos colegas jamaicanos - por doping de um dos elementos (Nestor Carter).

Duvidou-se que pudesse fazer o mesmo em Londres 2012, mas fez, quebrando mesmo o recorde olímpico que havia fixado 4 anos antes nos 100 metros. E, em 2016, no Rio, as dúvidas eram ainda maiores, em virtude de uma lesão, mas uma vez mais venceu as três provas (100, 200 e estafeta dos 4x100 metros). Ficou, ainda assim, a duas medalhas de ouro de Carl Lewis e a quatro de Paavo Nurmi, o finlandês que entre os 1.500 metros, 3.000 metros, 5.000 metros, 3.000 metros obstáculos e corta-mato conquistou 12 medalhas, 9 das quais de ouro (de 1920 a 1928).

Micheal Phelps, a Bala de Blatimore

País: Estados Unidos

Desporto: Natação

Medalhas: 28 (23 de ouro, 3 de prata, 2 de bronze)

Sem margem para quaisquer dúvidas, o melhor nadador de todos os tempos e, olhando para o número de medalhas, de longe o atleta olímpico mais medalhado de sempre (e o mais 'dourado'). Ao todo, somou 28 medalhas olímpicas, 23 das quais de ouro (13 das quais em provas individuais).

Curiosamente, ficou 'a zeros' na sua estreia olímpica (foi em 2000, com apenas 15 anos, terminando no 5.º lugar da final dos 200 metros mariposa). Quatro anos depois já eram muitas as comparações com Mark Spitz e Phelps não deixou os seus créditos por mãos alheia, conquistando a medalha de ouro eu seis das oito provas em que participou.

O momento alto, porém, foi em Pequim 2008, quando quebrou mesmo o recorde de Mark Spitz de sete ouros numa só edição dos JO, chegando às 8 medalhas de ouro, sete das quais com recordes do mundo e a outra com um recorde olímpico. Depois, em 2012, em Londres, tornou-se no atleta mais medalhado da história dos Jogos Olímpicos, com um total de 22 medalhas, e no primeiro nadador a vencer uma mesma prova em três olimpíadas consecutivas, feito que logrou nas provas de estafeta 4 x 200 metros livres, nos 200 metros estilos e nos 100 metros mariposa.

Anunciou, então, a sua retirada. Em 2014 anunciou o regresso às piscinas e, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, onde foi porta-estandarte da bandeira dos Estados Unidos, somou à sua coleção mais cinco medalhas de ouro e uma prata.

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