É já este sábado que a seleção portuguesa de andebol faz a sua estreia no torneio olímpico frente ao Egito. Em declarações ao SAPO Desporto, o andebolista António Areia salientou que o mais importante numa competição como JO é vencer o primeiro jogo, seja com quem for.

"O primeiro jogo é sempre o mais importante, por ser o mais importante, seja com quem for. Era muito importante para nós começarmos com uma vitória e acreditamos todos que assim vai ser, que é para isso que aqui estamos", começou por dizer, sem ainda traçar objetivos concretos para o que resta da competição. "Objetivos vamos criando consoante as etapas que vamos passar, consoante os jogos que temos que enfrentar. Não podemos pensar já no segundo jogo sem ter que fazer o primeiro, isso não é possível. Não podemos pensar nos quartos de final sem passar o grupo. Temos que traçar objetivos de forma gradual e progressiva para que depois possamos chegar onde queremos."

'Outsider' no sentido em que não favorito à vitória final na competição, vários seleções já olham para Portugal como um alvo a abater depois das últimas participações no campeonato da Europa e do Mundo. Talvez por isso exista mais pressão. António Areia reconhece esse peso extra, mas explica porque é que isso não incomoda os jogadores da seleção.

"Somos 'outsiders' na competição, mas não somos outsiders a competir ao mais alto nível. Temos feito de facto bons resultados nas últimas competições e se queremos continuar a fazer esses resultados temos que saber lidar com essa pressão. É impossível chegar ao topo e ficar no topo sem ter esse peso. Fazemos questão que esse peso exista porque fazemos questão de estar no topo e querer lá chegar. É uma pressão positiva, queremos chegar onde queremos. Foi assim no Europeu, no Mundial e será agora nos Jogos Olímpicos", elucida.

Sobre a viagem para Tóquio, o ponta-direita garantiu que correu bem e que a adaptação foi gradual às diferenças horárias, assim como às altas temperaturas e humidade no país do sol nascente. "Só a viagem em si já é diferente...É muito longa e são muitas horas de avião. Penso que saímos ao 12h00 de Portugal e chegámos ao Japão e já era de noite. Chegámos naturalmente cansados, não foi difícil descansar nessa noite, mas os dias a seguir acabaram por ser mais complicados", referiu, abordando depois as dificuldades dos primeiros aprontos já em terras japonesas.

"Os primeiros treinos até foram mais ligeiros para essa adaptação ser gradual. Antes de viajarmos começamos a fazer ajustes aos nossos horários e viemos com alguns dias de antecedência também para fazermos essa adaptação. Psicologicamente todos nos sentimos super motivados e ansiosos para que comece a competição. No fundo, foi para isso que cá viemos. A nível físico, acho que estamos a tentar chegar à melhor forma e chegámos a um ponto em que estamos adaptados ao horário e ao treinos. Neste momento já estabilizados a nível físico e psicológico", sublinhou o jogador de 31 anos. Única é mesmo a a experiência na aldeia olímpica apesar de todas as condicionantes derivadas da COVID-19.

"Estamos muito motivados, a experiência tem sido incrível, a de podermos estar numa aldeia olímpica, rodeados de atletas de topo. Na zona de refeições temos sempre oportunidade para trocar algumas impressões com outros atletas de outros países, apesar de termos todos os cuidados. O tempo está bastante quente, húmido, mas é tudo uma questão de adaptação. E chegámos antes, precisamente para isso, para nos adaptarmos a tudo", continuou.

Sobre as polémicas camas de cartão, o jogador do FC Porto garantiu que são confortáveis e "onde se dorme bem", compreendendo até o lado da sustentabilidade. "As camas são todas feitas de cartão e ao que percebi é tudo uma questão de sustentabilidade. Polémica à parte, são camas diferentes, nunca nenhum de nós se tinha deitado numa cama de cartão. Eles têm um colchão como é lógico. São camas pequenas, mas onde se dorme bem. Mas uma vez, foi também uma adaptação, neste caso também às camas. Não é um quarto de hotel, mas estamos muito bem instalados", atestou.

A poucas horas da estreia no Jogos Olímpicos de Tóquio, António Areia só anseia pelo momento de entrar no pavilhão, mas alerta que a seleção não veio a Tóquio para ser espectadora, mas sim protagonista numa competição em que a presença acaba por ser um sonho para todos os atletas. "Se numa competição normal estamos nervosos que a competição comece, nos Jogos Olímpicos então...vai ser uma experiência nova para todos. Qualquer atleta que queira jogar a alto nível e decida ser um atleta de alta competição, a partir desse momento sonha em participar nos Jogos Olímpicos e nós todos sonhávamos que isso pudesse acontecer. Foi um processo longo até aqui chegarmos. Estamos a viver um sonho, mas não queremos ser só espectadores. Estamos deslumbrados com tudo o que se passa à nossa volta, mas o principal foco é a competição", terminou.

A seleção lusa está inserida no Grupo B e arranca este sábado a participação no torneio olímpico, frente ao Egito, após o que defronta o Bahrain (26 de julho), Suécia (28), Dinamarca (30) e o anfitrião Japão (01 de agosto). Avançam para os quartos de final os quatro primeiros de cada grupo.