“Temos um presidente (da República) que diz que somos os melhores do mundo. A mim não engana. Enquanto pensarmos assim, não vamos trabalhar realmente para o sermos”, criticou, em Tóquio, em declarações à Lusa.

Após o desempenho do remo no double-scull ligeiro, com o 13.º lugar de Pedro Fraga e Afonso Costa, o dirigente desafia os agentes desportivos a refletirem seriamente no nível e estatuto do desporto português, apurar os níveis de conhecimento e a incorporar as “grandes exigências” ao alto rendimento, também ao nível da “mentalidade”.

“As pessoas falam muito de dinheiro e condições, mas são os hábitos de treino e exigências de vida para singrar no alto rendimento que fazem verdadeiramente a diferença. Nestes Jogos, já vimos atletas amadores a ganharem a profissionais e isso é possível com qualidade e atitude de treino...”, exemplificou.

Luís Ahrens Teixeira assume que encontra esses problemas no remo, extensíveis ao nível de treinadores e dirigentes, considerando que “poucos sabem todos os sacrifícios e comprometimento que o alto rendimento exige”.

“Esse é um falhanço no remo que assumo por inteiro. Não consegui promover esse passo muito importante, mentalizar as pessoas. A alta competição é extremamente honesta e a consistência é que nos leva aos grandes resultados”, vincou.

Na mesma linha, recusa “vitórias morais” pelo desempenho de Fraga e Costa, que venceram, folgadamente, a final C, com o 13.º lugar no double-scull ligeiro: falharam as meias-finais, destinas aos 12 mais rápidos, por escassos oito centésimos de segundo.

“A alta competição é isto. Não vamos lá com vitórias morais. Não vale a pena. Andamos no remo há muitos anos. Sabemos que é isto. Ficámos em 13.º”, vincou.

Depois de dois mandatos, vai abandonar a federação, esperando que o seu sucessor, que será escolhido até ao fim do ano, “aproveite as boas bases que ficaram” e trilhe caminhos de sucesso.

“O comboio do alto rendimento anda muito depressa, a uma velocidade realmente grande. Sempre disse que tínhamos de crescer, exponencialmente, mais rápido do que os outros para os podemos apanhar. Essa realidade continua”, avisou.

Pedro Fraga, de 38 anos, o melhor da história do remo português, ainda não sabe se continua a competir até Paris2024: sem se querer imiscuir nos assuntos internos do seu sucessor, Luís Ahrens Teixeira entende que “nenhum desporto se pode dar ao luxo de desaproveitar os melhores”.

Em Pequim2008, Pedro Fraga tinha sido oitavo e, depois, quinto em Londres2012 juntamente com Nuno Mendes, enquanto Afonso Costa fez a sua estreia olímpica no Japão, que se seguiu a um hiato do remo luso no Rio2016.

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