O Presidente da República salientou hoje a importância de os portugueses conhecerem a história do movimento estudantil que antecedeu o 25 de Abril de 1974, defendendo que a “democracia precisa que se vá metendo golos” diariamente.

“A democracia, todos os dias, para usar uma imagem futebolística, ou ganha ou perde […] e penso que este momento e esta exposição são uma vitória, um golo para a democracia”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

“E a democracia precisa que se vá metendo golos todos os dias. Já basta os golos que sofremos de vez em quando pela vivência democrática, porque em democracia não é possível apagar os golos que se sofre”, ao contrário do que acontecia em ditadura, em que era “possível com a censura cortar a história daquilo que não interessa que se saiba, mesmo no futebol”.

O Presidente da República falava na iniciativa “Academia em jogo: a luta estudantil na final da taça de 1969”, uma conversa organizada pela Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril e que decorreu no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa.

Marcelo Rebelo de Sousa visitou, durante mais de uma hora, a exposição “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril", e acabou por ficar a assistir à primeira parte da conversa.

Na visita, acompanhado pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, o chefe de Estado contou o testemunho, na primeira pessoa, de alguns dos protagonistas desta altura.

Entre eles, o antigo presidente da Associação Académica de Coimbra, Alberto Martins, ou os antigos jogadores Toni e Mário Campos, que entraram em campo da final da Taça de Portugal de 1969 pelo Benfica e pela Académica, respetivamente.

O jogo, disputado em 22 de junho de 1969, há precisamente 53 anos, ficou marcado pela presença de estudantes e tarjas com palavras de ordem de oposição ao regime.

O Presidente da República considerou que "só uma minoria dos portugueses é que sabe isto e percebe isto, os mais novos porque isto não faz parte da memória que não têm, os mais velhinhos porque se vivia em ditadura".

Para Marcelo Rebelo de Sousa, este foi um momento "único na história da ditadura" e ajudou a alongar "a projeção" do movimento estudantil.

E considerou que Toni e Mário Campos confirmaram "os bastidores que suspeitávamos da vivência daquela final".

"Para além da manifestação de massas, que foi, prolongando a luta que estava em curso, ela foi interiorizada mesmo por aqueles que não tinham a noção plena do que se passava", apontou o chefe de Estado, exemplificando que até a volta ao campo ter sido feita pelas duas equipas, algo "que é invulgar", mostra que "havia uma realidade política muito importante".

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que este jogo, que o Benfica ganhou, "foi um bom exemplo de exercício de responsabilidade política do futebol" e lamentou que "muitas vezes" têm existido "maus exemplos".

O Presidente da República deu também como exemplo um episódio que aconteceu consigo, "quando numa final da Taça de Portugal houve em vésperas um problemas envolvendo um grande clube que ia jogar na final da taça, e a final da taça ia ser jogada num clima de grande tensão".

"E havia sempre aquelas vozes 'o Presidente o melhor é não ir'. Em democracia obviamente iria, teria de ir, essa é a diferença entre a democracia e a ditadura. Na ditadura, numa situação potencialmente complicada a solução fácil é não ir, é tentar apagar, é disfarçar, fingir que não existe, em democracia não, existe, existe", salientou.

O chefe de Estado recordou ainda que "em 1969 estava no terceiro ano da faculdade de direito de Lisboa" e "tinha testemunhado ainda aluno no liceu, à distância, os acontecimentos de 1962".

À saída da iniciativa, questionado sobre uma reunião da ministra da Saúde com os sindicatos dos médicos, o Presidente da República afirmou que “isso é um exemplo da democracia, eu espero sempre que corra melhor do que pior”.

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