A concelhia do PSD de Vila Nova de Gaia acusou hoje o presidente da câmara, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, de “conflito de interesses e promiscuidade” ao aceitar um cargo na SAD do FC Porto.

“Onde está o interesse público não cabe qualquer componente de cariz pessoal. Isto só tem um nome. Chama-se conflito de interesses e promiscuidade, com as todas as letras”, refere o presidente da concelhia do PSD de Gaia, Cancela Moura, em comunicado hoje divulgado.

A SAD do FC Porto divulgou na quarta-feira os pontos de trabalho da próxima assembleia geral de acionistas convocada para 17 de novembro, um dos quais a eleição do presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, para administrador não executivo.

Em resposta, o presidente da Câmara de Gaia fala em “chicana política com a representação de Eduardo Vítor Rodrigues como vogal não-executivo do FCP” e acusa a concelhia do PSD de Gaia de estar a fazer “uma campanha negra e completamente alheada de ideias para o concelho”.

Já para o PSD, “ainda que a lei o permita”, a situação é “ética e absolutamente reprovável” e “enferma de uma grosseira inversão da hierarquia de valores e até das convicções de quem exerce um cargo público em nome de uma comunidade”.

Os sociais-democratas recordam que “o FC Porto tem sediado em Gaia o Centro de Estágio e Formação Desportiva Olival/Crestuma (…) sem nada pagar em troca” e que “foi também cedida à equipa B de futebol do FC Porto, em regime de exclusividade, (…) a utilização do Estádio Jorge Sampaio, em Pedroso (…) contra o pagamento, muito recente, de uma renda simbólica e manutenção do relvado”.

Ainda sobre a presença do FC Porto em Vila Nova de Gaia, assinalam que a secção de andebol “tem ainda o uso regular do Pavilhão Municipal da Lavandeira” sem pagar “quaisquer contrapartidas financeiras”.

“O presidente da Câmara de Gaia deveria ser intransigente com os interesses dos gaienses, como, do mesmo modo, quem seja administrador da SAD, defende o F.C. Porto” sublinham os sociais-democratas.

Os sociais-democratas rematam o comunicado com duas questões ao presidente da Câmara de Gaia que querem que explique “qual o modelo de gestão, a quem será adjudicado e em que condições irá ser utilizado o Pavilhão das Pedras” e ainda “a que reporta o ajuste direto para a aquisição de serviços de venda de ‘vouchers’ com viagem e estadia para ofertas institucional, no valor de 9.300 euros, de 29.12.2015, adjudicada à empresa Dragon Tour”.

Contactado pela Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues destaca ser “surpreendente que o PSD” faça estes “ataques lastimáveis, cheios de fanatismo e preconceito” uma vez que “enquanto esteve na Câmara construiu um Centro de Estágio para o FCP, dizendo tratar-se de uma parceira estratégica para o Município, ao mesmo tempo que cedeu gratuitamente o Estádio Jorge Sampaio para o FCP (equipa B)”.

“A única coisa que o atual presidente conseguiu fazer foi rever o protocolo do Estádio Jorge Sampaio, pondo o FCP a pagar a sua utilização, depois de a Câmara anterior ter entregado gratuitamente o equipamento”, assinala o autarca, para quem as questões colocadas “mostram a estratégia de terra-queimada do PSD”.

Sobre as acusações em torno da “alegada concessão/adjudicação do Pavilhão das Pedras” diz serem uma “coisa completamente inacreditável” e acrescenta que os ‘vouchers’ referidos dizem respeito a “uma aquisição de convites institucionais para viagem e estadia para assistir ao jogo Chelsea-FCP, em 2015, que a Câmara ofereceu a várias instituições do concelho”.

“Espero que o PSD-Gaia continue a permitir ao presidente ir à missa sem ser acusado de beneficiar religiões ou ir ao futebol sem estes ataques puramente fanáticos”, realça.