A centralização dos direitos televisivos dominou hoje a ordem de trabalhos da sétima edição da cimeira de presidentes das 34 sociedades desportivas do futebol profissional, decorrida no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

“Ficou claro que os clubes estão absolutamente convictos de que é isto que defende melhor a criação de riqueza num momento tão complexo e difícil, em que o futebol profissional não teve qualquer apoio governamental para fazer face à covid-19”, vincou aos jornalistas o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, sem descartar que esse passo seja concretizado já na temporada 2022/23.

A centralização dos direitos televisivos nas I e II Ligas vai ficar concluída até 2028/29, de acordo com o decreto-lei aprovado em 25 de fevereiro em Conselho de Ministros, que impossibilita os clubes de comercializarem de forma individualizada os direitos dos seus jogos a partir dessa época, sem interferir nos efeitos dos atuais contratos televisivos.

“Os clubes sabem que existe um decreto-lei com duas datas fundamentais: 2025/26, quando o modelo for apresentado à Autoridade da Concorrência, e 2027/28, quando estiver absolutamente implementado. Será o mercado que vai ditar o momento desta antecipação ou não, mas ficou absolutamente definido que isso irá acontecer”, referiu.

Perante um “tema com mais de 15 anos de discussão interna”, Pedro Proença propôs a criação de um comité para estudar o modelo de comercialização, a exploração de conteúdos, a repartição de receitas, o plano de expansão para mercados internacionais e a estratégia para melhorar o produto audiovisual e marca das competições profissionais.

“Foram discutidos alguns dos modelos e novas metodologias de trabalho que vamos ter relativamente aos próximos meses. Foi uma discussão muitíssimo positiva e envolvente. Ninguém vai receber menos do que recebe. Serão salvaguardados os interesses dos operadores e de quem a certa altura tanto apostou no futebol profissional”, apontou.

Esse grupo de trabalho apresentará as conclusões na próxima cimeira de presidentes, aprazada para fevereiro de 2022, também no Porto, depois de uma sessão na qual estiveram ausentes Varzim, Casa Pia, Vilafranquense e Nacional, todos da II Liga.

“Este processo será sempre de inclusão. Ninguém pode ficar de fora. Os próximos desafios serão incluir todos os ‘players’ na discussão, como clubes, operadores e quem vai financiar a operação. Há uma grande positividade perante todos estes interlocutores e estamos absolutamente convictos de que os interesses serão salvaguardados”, notou.

Em janeiro, a LPFP e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) assinaram um memorando para concretizarem a centralização até 2027/28, promovendo a criação de uma sociedade responsável pela “gestão dessa negociação” nos meses seguintes.

Durante a reunião realizada esta tarde, Miguel Farinha, da EY Portugal, apresentou um estudo em que se consagra que, em caso de centralização, nenhum clube receberá menos pelos seus direitos audiovisuais do que atualmente, considerando que este é o momento certo para antecipar este passo, até pela previsão de disponibilidade dos operadores televisivos para negociar e do mercado para financiar esta operação.

A cimeira de presidentes abriu com Pedro Proença a traçar os impactos causados pela pandemia de covid-19 no último ano e meio no futebol profissional, acertando com os clubes um pedido formal de reunião ao Governo para exigir medidas já identificadas.