O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, afirmou hoje que a utilização do videoárbitro (VAR) é, neste momento, "insustentável" financeiramente nos escalões inferiores à I Liga portuguesa de futebol.

Defensor de que a função de árbitro deve ser "bem remunerada", o dirigente afirmou, numa conversa com o ex-árbitro Duarte Gomes na rede social Facebook, que a arbitragem é a rubrica com "maiores custos" nas despesas do organismo e que o VAR, ferramenta utilizada na I Liga desde a época 2017/18, tem um custo "muitíssimo elevado", inviável para os campeonatos inferiores.

"Gostaríamos de ter videoarbitragem na II Liga, no Campeonato de Portugal e no futebol distrital, mas o custo é incomportável. Os custos tecnológicos tendem a reduzir ao longo do tempo, mas é insustentável um modelo que consiga ter videoarbitragem na I Liga, na II Liga e na III Liga que está para aparecer", assumiu.

Responsável máximo pela LPFP desde julho de 2015, o antigo árbitro, presente, por exemplo, na final do Euro2012, na qual Espanha goleou a Itália (4-0), salientou que o VAR permite à arbitragem prestar "um serviço de maior qualidade" face ao de 2015, já que o "erro grosseiro tendeu a desaparecer" e decisões como as fora de jogo conseguem ser tomadas ao ‘frame'.

Acerca do número de equipas que devem competir no escalão maior do futebol luso, Pedro Proença mostrou-se favorável à manutenção das 18, com 306 jogos por época, mas admitiu que a dimensão futura da I Liga vai depender da eventual "reformulação" da Liga dos Campeões a partir de 2024, cuja decisão oficial vai ser tomada em 19 de abril.

"Teremos sempre o maior número de clubes possível nas competições profissionais, tentando um equilíbrio. A UEFA solicita às ligas nacionais mais quatro datas. Só poderemos ter uma ideia quanto aos quadros competitivos quando se estabelecer o novo quadro competitivo internacional, a partir de 2024", referiu.

O dirigente enalteceu ainda a centralização dos direitos televisivos no futebol português a partir da época 2028/29, já aprovada pelo Governo, tendo classificado a decisão como essencial para a Liga poder controlar "um produto absolutamente fundamental para a valorização da marca" e da sua possível internacionalização.

Para Pedro Proença, a diminuição do rácio entre os clubes que mais dinheiro recebem e os que menos recebem, atualmente de "um para 15", não vai diminuir necessariamente as verbas que os "clubes grandes" recebem, mas aumentar as receitas dos "mais pequenos", melhorando a competitividade e deixando as equipas portuguesas "mais preparadas" para competirem a nível internacional.

Convicto de que "apenas os 90 minutos [de jogo] devem separar" os clubes da LPFP, sendo parceiros nas restantes dimensões da "indústria do futebol", Pedro Proença avançou também que o organismo está prestes a "assinar o maior patrocínio" alguma vez conseguido, embora sem revelar os contornos da operação.