O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) está disponível para encontrar “soluções justas e equilibradas” sobre as reduções salariais, mas não aceitará tentativas de “condicionamento e pressão”, disse hoje à Lusa o presidente do organismo.

“Os clubes sabem que qualquer solução, nesta fase, requer a disponibilidade negocial dos trabalhadores e é nessa base que queremos contribuir para soluções. Não aceitamos é qualquer tentativa de condicionamento ou pressão sobre os jogadores”, frisou Joaquim Evangelista.

O líder do sindicato explicou que, “como em todo o mundo do futebol”, em Portugal “já existiram abordagens a jogadores” para reduções salariais.

Joaquim Evangelista assegurou estar a acompanhar a situação “com a máxima seriedade e respeito”, defendendo “soluções justas e equilibradas que imponham sacrifícios de forma equitativa”.

“Estamos solidários e preparados para defender os seus direitos, em especial os dos colegas em situação mais difícil”, sublinhou.

O dirigente advertiu que algumas medidas propostas tendem a ser “precipitadas”.

“Há centenas de jogadores com vínculos precários e salários próximos do mínimo nacional, alguns a viverem em condições miseráveis, temos de perceber bem o que representam algumas das medidas que estão a querer ser precipitadas. O futebol português tem a obrigação de estar preparado e responder”, sublinhou.

O SJPF admitiu estar disponível para “trabalhar as soluções”, mas avisou que nunca aceitará “cortes de salário indiscriminados e sem qualquer sustentação do ponto de vista financeiro”.

Evangelista alertou que é necessário evitar que os cortes de salários tenham o objetivo de satisfazer “outras obrigações” ou de manter “determinados níveis de receita que viabilizam os orçamentos dos clubes a médio prazo”.

Para o presidente do SJPF, “exige-se do governo do futebol, a começar pela FIFA, medidas que promovam a injeção de capital no futebol, se for necessário, protegendo assim as competições”.

“Acredito que, no caso concreto de Portugal, a negociação coletiva será o instrumento adequado para alcançar uma solução. Todos queremos a sustentabilidade das nossas competições, todos queremos proteger ao máximo os jogadores e clubes em dificuldades e salvar postos de trabalho, espero que tenhamos a capacidade de dialogar”, referiu.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infetou mais de 828 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 41 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, que está em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril, registaram-se 160 mortes e 7.443 casos de infeções confirmadas, segundo o balanço feito na terça-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).