Continua a decorrer no Tribunal do Juízo Central Cível do Porto o julgamento do processo, movido pelo Benfica ao FC Porto, sobre a divulgação dos emails pelo Porto Canal. Esta quinta-feira foi ouvido Miguel Moreira, CFO (Chief Financial Officer) do Benfica, que prestou depoimento na condição de testemunha do clube encarnado. Miguel Moreira comparou o roubo dos emails ao Benfica ao caso de espionagem da McLaren à Ferrari na Fórmula 1, em 2007.

"Há o exemplo da McLaren, que teve acesso a informação confidencial da Ferrari, apanhou uma multa e saiu do campeonato de construtores", lembrou.

O Benfica reclama uma indemnização de 17,7 milhões de euros aos FC Porto pelos alegados danos causados pela divulgação dos e-mails no Porto Canal, uma soma até escassa, tendo em conta o valor do Benfica, na opinião do gestor.

"O valor da indemnização peca por escasso. A base dos 17,7 milhões foram cinco por cento da avaliação feita pela KPMG. Para mim, o Benfica está avaliado em 800 milhões de euros, mais cem, menos cem. Os cinco por cento são o valor mínimo do dano. Para nós é quase um valor simbólico", declarou o CFO, antes de deixar uma 'farpa' ao FC Porto.

"Estamos a falar do melhor ano da história do Benfica, os lucros duplicaram, é o ano do tetra, um marco histórico. Ganhar sem sustentabilidade leva a clubes intervencionados, que não podem inscrever jogadores, que estão sobre a alçada do fair-play financeiro e isso não queremos para o Benfica", disse em tribunal, aludindo ao facto de o FC Porto estar sob alçada da UEFA, após violar o fair-play financeiro.

Paulo Alves, gestor financeiro do Benfica, foi a última das testemunhas arroladas pelo 'encarnados' a ser ouvido. O gestor financeiro disse que a divulgação dos contratos dos jogadores do Benfica como Castillo e Ferreyra obrigou o Benfica a renovar com outros atletas.

"O facto de terem sido tornados públicos os contratos de dois jogadores que chegaram ao Benfica, casos do Ferreyra e do Castillo, levou a que nos meses seguintes alguns jogadores do Benfica tivesse renovado e isso acarretou um custo adicional. Os próprios jogadores [Castilo e Ferreyra], quiçá pela pressão que daí resultou, acabaram por não funcionar desportivamente", sublinhou o dirigente.

"Tivemos de contratar mais pessoal para quatro departamentos: marketing, comunicação, jurídico e informático. O Benfica acabou por gastar 180 mil euros em cibersegurança", acrescentou Paulo Alves.