Um FC Porto muito regular, sem quebras e apenas derrotado quando já tinha o título no ‘bolso’ venceu sem mácula a edição 2021/22 da I Liga portuguesa de futebol, recuperando a hegemonia, com três cetros em cinco anos.

Após perderam o cetro para o Sporting em 2020/21, os ‘dragões’ apostaram tudo no campeonato, abdicando do ‘empecilho’ Liga Europa, e, apesar da réplica ‘leonina’, foram bem-sucedidos, não acusando sequer o ‘adeus’ de Luis Díaz, que estava a ser o melhor jogador da primeira volta e foi vendido em janeiro ao Liverpool.

No quinto ano sob o comando de Sérgio Conceição, o FC Porto apresentou o mais vistoso futebol dos últimos anos, como mostram os 86 golos, com o colombiano a ser substituído na segunda volta, em termos de protagonismo, pela dupla atacante Taremi/Evanilson – 48 tentos entre os três.

Mais do que as individualidades, brilhou, porém, um inexpugnável coletivo, no qual se integraram como uma ‘luva’ quatro campeões da UEFA Youth League de 2018/19, o guarda-redes Diogo Costa, o defesa direito João Mário e os médios Vítor Ferreira, vulgo Vitinha, e Fábio Vieira.

A par dos miúdos, foi determinante a preciosa liderança do irascível Pepe, que comandou a defesa do ‘alto’ dos seus 39 anos, os desequilíbrios provocados por Otávio, novo internacional ‘AA’ luso, e os equilíbrios de Uribe, o pêndulo do meio-campo.

Na vitoriosa caminhada, que culminou num novo recorde absoluto de pontos (91), também não se pode esquecer Zaidu, o do golo do título, na Luz, Mbemba, Pepê, pela forma competente como substituiu Díaz, Grujic e até Francisco Conceição, autor de um dos golos mais importante da época, no Estoril.

O FC Porto foi a soma de todos, mas também ajudaram os oito pontos somados em superioridade numérica (mais de 400 minutos) - por vezes após expulsões erróneas, como a do ‘leão’ Coates no ‘jogo do título’ – e os ‘mergulhos’ de Taremi e Evanilson.

Feitas as contas, a vitória do FC Porto é, porém, inatacável, num trajeto com dois empates nas primeiras cinco rondas e, depois, um ciclo de 16 triunfos consecutivos, até nova igualdade, à 22.ª ronda (2-2 com o Sporting), decisiva na conquista do título.

A seguir, os ‘dragões’ ainda ‘tropeçaram’ (1-1) no Gil Vicente, mas numa ronda 24 em que o Sporting também empatou (1-1 no Funchal), e, quando perderam a invencibilidade (de 58 jogos, contando os de 2020/21, para um novo recorde nacional), à 31.ª jornada, em Braga (0-1), já tinham nove pontos de avanço, pois, à 30.ª, os ‘leões’ tombaram na receção ao Benfica (0-2).

O Sporting fez figura de candidato durante muito tempo, mas, em janeiro, não aguentou o ‘ritmo’ dos portistas, ao sofrer duas comprometedoras derrotas (2-3 nos Açores e 1-2 na receção ao Sporting de Braga), em dois jogos em que liderou o marcador.

Os ‘leões’ ainda conseguiram chegar ‘vivos’ ao jogo do Dragão, na 22.ª ronda, mas o empate 2-2 teve sabor a derrota, depois de perderem uma vantagem de dois golos, já que se tratou, na prática, da última grande oportunidade de ‘pressionar’ os ‘dragões’, que se mantiveram, então, com seis pontos de avanço.

Foi o ‘jogo do título’ e ficou ‘manchado’ por tudo o que se passou durante e depois, com uma errada expulsão de Coates, aos 49 minutos, com o Sporting a vencer por 2-1, e uma enorme confusão no final, ao melhor estilo sul-americano, com quatro jogadores expulsos, numa enorme vergonha coletiva.

Mais o que o Dragão, foi, porém, nas duas derrotas entre as rondas 17 e 19 que o Sporting claudicou, num percurso em que o internacional espanhol Pablo Sarabia, emprestado pelo PSG, na sequência da transferência de Nuno Mendes, foi a principal figura, com 14 golos, para compensar o ‘apagão’ de Pedro Gonçalves, que se ficou pelos oito (23 em 2020/21).

Se os ‘leões’ lutaram pelo cetro até final, embora falhando uma revalidação que não conseguem desde 1953/54, o Benfica voltou a ficar muito cedo fora da corrida, mesmo após um início muito prometedor, com sete vitórias nas primeiras sete rondas, ainda com Jorge Jesus no comando.

Um desaire caseiro com o Portimonense (0-1, à oitava ronda), iniciou a queda, com os ‘encarnados’ a chegarem à ronda 16 já a sete pontos dos dois rivais, depois de terem estado com mais quatro, e ‘amachucados’ por um 1-3 na receção ao Sporting e outro 1-3 no Dragão, na estreia de Nélson Veríssimo.

O regressado técnico (já tinha substituído Bruno Lage no final da época 2019/20) conseguiu vencer em Alvalade e, par do campeonato, levar o Benfica até aos ‘quartos’ da ‘Champions’, mas, em termos gerais, os seus números no campeonato são paupérrimos. Já tem ‘guia de marcha’, virá o alemão Roger Schmidt.

Além de novo falhanço, o Benfica também se viu envolvido num dos mais lamentáveis jogos do campeonato, quando, à 13.ª jornada, defrontou um Belenenses SAD com nove, incluindo dois guarda-redes. Depois do 0-7 a meio, o conjunto do Jamor lá ‘arranjou’ duas lesões para forçar o fim do triste espetáculo.

Se o coletivo não funcionou – Veríssimo nem logrou ganhar três jogos seguidos -, os ‘encarnados’ tiveram a grande figura do campeonato, no jovem avançado Darwin Núñez, uma verdadeira ‘pérola’, de apenas 22 anos, muito futebol e 26 golos. Também não foi por Vlachodimos, Otamendi, Grimaldo, Weigl ou Rafa.

Ficou, no final, a esperança, com a aparição de uma série de jovens ‘made in Seixal’, casos de Henrique Araújo, Tomás Araújo, Sandro Cruz, Tiago Gouveia, Martim Neto e Diego Moreira, na época também da vitória na UEFA Youth League.

Corrida à Europa

Tudo somado, foram, porém, apenas 74 pontos - o registo mais pobre em 34 rondas desde 2005/06, mas na linha de 2019/20 (77) e 2020/21 (76) -, mais do que suficiente para o terceiro lugar, já que, uma vez mais, o Sporting de Braga, quarto, com xx pontos, não se conseguiu ‘emancipar’, limitando-se a ser o ‘rei dos pequenos’, pela quinta época seguida, mas longe dos ‘grandes’.

Os ‘arsenalistas’, liderados pelo melhor Ricardo Horta de sempre (18 golos), até ganharam aos três primeiros na segunda volta, mas já tinham comprometido qualquer sonho que pudessem ter na primeira, que acabaram a 15 pontos do FC Porto.

No quinto lugar, ficou a grande sensação da temporada, em termos globais, o Gil Vicente, de Ricardo Soares, que conquistou pela primeira vez um lugar na Europa, conduzido pelos 28 golos da dupla Fran Navarro (16) e Samuel Lino (12).

Por seu lado, o Vitória de Guimarães, último a superar o Sporting de Braga, em 2016/17, viveu uma época de altos e baixos, sob o comando de Pepa, e acaba sem saber se irá às taças europeias – precisa que o FC Porto vença o Tondela, na final da Taça de Portugal -, num trajeto que perdeu Marcus Edwards a meio.

Lugares tranquilos

Muito longe de qualquer sonho europeu, ficaram nos lugares imediatos duas equipas que cresceram muito com a mudança de técnico, o Santa Clara (sétimo), com Mário Silva, e o Famalicão (oitavo), com Rui Pedro Silva e 14 golos do francês Simon Banza.

Em nono, com 11 golos de André Franco, acabou o promovido Estoril Praia, de Bruno Pinheiro, que foi a sensação na primeira volta, sendo quinto o fim de 16 jornadas, e caiu muito na segunda, mas sem nunca ter a manutenção em perigo.

Todos empatados nos 38 pontos, seguiram-se o Marítimo (10.º), melhor com Vasco Seabra, o Paços de Ferreira (11.º), que também subiu com César Peixoto, o Boavista (12.º), estabilizado por Petit, e o Portimonense (13.º), que quebrou na segunda volta.

A luta pela permanência

Sobre o final, salvaram-se as outras equipas que tinha subido em 2020/21, o Vizela (14.º, com 33 pontos) e o Arouca (15.º, com 31), ambos premiados por não terem deixado ‘cair’ os treinadores Álvaro Pacheco e Armando Evangelista, respetivamente.

Por seu lado, o Moreirense, que acumula oito épocas consecutivas na I Liga e tinha ficado no ‘top 8’ nas últimas três, acabou em 16.º, num percurso fechado por Ricardo Sá Pinto, e vai ter de disputar um ‘play-off’ com o Desportivo de Chaves.

Já condenados, ficaram o Tondela, único que mudou de treinador na segunda volta (Pako Ayestáran saiu após a 26.ª ronda), que acabou em 17.º, com a pior defesa (67 golos sofridos), e o Belenenses SAD, que registou o pior ataque (23 marcados).

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