Há 72 anos um jogo ficou nos anais da história dos Campeonatos do Mundo. No dia 16 de julho de 1950, o Brasil foi derrotado em casa pelo Uruguai por 1-2, num encontro que ficou conhecido pelo nome de Maracanazo.

Uma partida que gerou uma onda de depressão coletiva no Brasil, que por um lado jogava o Campeonato do Mundo em casa, num estádio a abarrotar no recém-inaugurado Maracanã.

Diz-se que no Maracanã, cerca de 199.854 espectadores seguiram o encontro no estádio. O jogo terminou empatado ao intervalo, com um 0-0 no marcador. Logo a abrir o segundo tempo, Friaça inaugurou o marcador para os canarinhos. Tudo fazia querer que seriam os donos da casa a ficarem com o troféu, só que Schiaffino empatou a partida.

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Tendo em conta o formato da competição, o Brasil só precisava de um empate para se sagrar campeão do mundo. A fase decisiva do torneio disputou-se num quadrangular, que era formado pelos quatro vencedores dos grupos da primeira fase. O Brasil chegava confiante ao encontro decisivo, depois das goleadas frente ao México, Suécia (7-1) e Espanha (6-1).

Só que ao minuto 34, Alcides Ghiggia foi o herói. Com um remate colocado, em que o guardião brasileiro não está isento de culpas, bateu Barbosa. Um golo que calou um estádio, fez de Ghiggia um herói (o uruguaio já tinha feito a assistência para o tento do empate) e de Barbosa um autêntico vilão. O guardião foi perseguido durante o resto da vida, depois da exibição frente ao Uruguai.

Traumático foi também o facto do Brasil jogar em casa e perder a possibilidade de conquistar o seu primeiro campeonato do Mundo. Os anfitriões em Mundiais tinha tido quase sempre sucesso até então, com exceção da França em 1938. Uruguai (1930) e Itália (1934) conseguiram lograr a glória  e erguer a Taça Jules Rimet.

Outro facto curioso é que foi em 1950 que a FIFA autorizou pela primeira vez que os jogadores utilizassem números nas camisolas.

Festa antecipada normalmente dá mau resultado

Pelas ruas, e pela imprensa, antes do jogo decisivo a vitória brasileira era tida como praticamente certa. O estilo de jogo ofensivo do Brasil encantava, com sucessivas goleadas nos encontros anteriores, enquanto que o Uruguai tinha tido dificuldades frente à Suécia (3-2) e Espanha (2-2). O "Já ganhou' era por isso ecoado pelas ruas do Rio de Janeiro, só que a história acabou por ser diferente.

Antes do jogo, no balneário do Uruguai, o treinador Juan López Fontana tinha apelado a uma estratégia defensiva, só que o capitão Obdulio Varela teve um discurso contrário.  "Se jogarmos defensivamente contra o Brasil o nosso destino não será diferente do da Espanha e Suécia", culminando a sua declaração com a célebre frase 'Muchachos, los de afuera son de palo', que significa 'Rapazes, quem está de fora não joga'.

Os uruguaios entraram em campo descomprometidos, e completamente alheados em relação ao ambiente infernal que se vivia no Macaranã. Depois de estarem a perder, deram a volta ao texto, com Ghiggia a descrever no final do encontro o ambiente que se viveu no estádio: "O silêncio era tão grande que se uma mosca estivesse a voar, ouviríamos o seu zumbido", recordou.

No final do encontro, Jules Rimet que iria entregar a Taça ao vencedor, foi deixado sozinho em campo, acabando por entregar o troféu a Varela.  Face ao fracasso brasileiro, a Confederação Brasileira de Desportos optou por mudar a cor das camisolas da seleção, por considerar que deu azar à equipa nacional. Os brasileiros equipavam com uma camisola branca com gola azul e calções brancos, tendo sido mudada para a que é envergada hoje em dia: Camisola amarela, gola verde e calcões azuis.

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