A UEFA adiou para abril a decisão sobre o novo formato da Liga dos Campeões a partir de 2024, após a reunião do Comité Executivo do organismo. A decisão sobre o novo formato da prova devia ser conhecida hoje mas foi adiada para abril.
O organismo prepara-se para apresentar muitas alterações ao formato da 'prova milionária' como resposta à ameaça de uma Superliga Europeia, ideia lançada pelos principais clubes do velho continente.
O novo formato vai de encontro ao desejo da Associação das Ligas Europeias de Futebol que querem mais jogos, como explicou o seu presidente, Andrea Agnelli, no início deste ano: "Pensamos que o aumento de jogos na Liga dos Campeões será bem-vinda".
De acordo com a AFP, citando fontes próximas das negociações, alguns líderes dos principais clubes querem maior controle sobre a UEFA Club Competitions (UCC), o organismo que aconselha a UEFA nas questões comerciais. Metade dos membros deste organismo é nomeada pela UEFA, a outra metade pela ECA.
Novo formato para 'acabar' com a ideia da Superliga europeia
De acordo com a agência de notícias France Press e a rádio espanhola 'Cadena COPE, já há definição sobre o novo formato, que vai respeitar três dos principais pontos definidos pela UEFA: jogos durante a semana, sem diminuição de equipas e com o acesso a acontecer via ligas domésticas.
Cumprindo esses três critérios, o novo formato deverá contar com 36 equipas, mais quatro que atualmente. As vagas serão definidas à semelhança do que acontece atualmente, com as maiores ligas a terem mais representantes, com um limite de cinco ou seis equipas por país. As quatro vagas extra serão preenchidas com os dois clubes com o maior coeficiente da UEFA, com um clube da quinta melhor liga de acordo com o ranking e com um clube de uma das melhores ligas que ainda não tenha um representante em prova.
Mas a European Leagues, um organismo que representa 30 ligas europeias, está contra a atribuição das quatro novas vagas pelo mérito histórico na prova, como pretende a ECA - Associação de Clubes Europeus. A European Leagues defende que todos os participantes devem conseguir a entrada na prova via ligas domésticas e prefere também que sejam recompensados os clubes fora das principais ligas. Com este novo formato, a França, que ocupa o 5.º posto no ranking da UEFA, deverá ter mais uma equipa em prova: neste momento tem dois clubes com entrada direta e um terceiro a ir às pré-eliminatórias.
A fase de grupos da prova como a conhecemos vai desaparecer por completo: os clubes passarão a jogar entre si, num formato semelhante a uma liga doméstica, conhecida como Formato Suíço. Cada equipa jogará contra dez adversários diferentes e no final, as oito melhores classificadas seguem diretamente para os 'oitavos' da prova e as últimas 12 serão eliminadas.
As equipas que terminem entre o 9.º e o 24.º lugar disputarão um 'play-off' entre si para definir as restantes oito equipas que completam os oitavos de final da competição. Os derrotados destes 'play-offs' caem para a Liga Europa.
A primeira fase da prova será disputada entre setembro e janeiro e deverá manter-se às terças e quartas-feiras, à semelhança do que acontece atualmente, ainda que esteja prevista a realização de jogos em quatro quintas-feiras, não sendo conhecido a que fase da prova dizem respeito.
Assim, passaremos de 96 para 180 jogos na fase de grupos. A fase a eliminar não sofrerá alterações mas a criação de mais um 'play-off' no final da fase de grupos irá aumentar o número de jogos de 125 para 225. As equipas que chegarem à final irão realizar 17 jogos, em vez dos atuais 13.
No entanto, a European Leagues, organismo que representa clubes de 30 países, prefere que as equipas joguem oito jogos numa primeira fase em vez de 10, o que significaria um aumento de 64 jogos em vez dos possíveis 100 com o novo modelo, para além de defender que três das novas vagas devem ser para clubes campeões fora das principais ligas.
"Temos de ser honestos e afirmar que os clubes tiveram mais influência do que nós", disse Olsson, que foi nomeado presidente honorário da European Leagues.
A UEFA pretende ter definido o modelo das competições europeias antes do seu congresso anual, agendado para 20 de abril.
A rádio espanhola adianta que o novo formato deverá ficar em vigor por, pelo menos, nove anos, de 2024 a 2033.
Novo formato, mais receitas
As alterações introduzidas com o novo formato da Liga dos Campeões de futebol a partir de 2024 vão originar mais dinheiro, em especial das transmissões televisivas.
Em encontro online realizado no dia 10 de março, a European Leagues discutiu o novo modelo da Liga dos Campeões, a distribuição de verbas, as alterações no calendário e a forma como se vai efetuar o aumento de 32 para 36 equipas.
O secretário-geral da UEFA, Theodore Theodoridis, afirmou que haverá um "aumento significativo" nas receitas de transmissão televisiva quando o novo formato entrar em vigor, sendo esperado que durante o mês de abril a decisão possa estar tomada.
Jacco Swart, diretor geral da European Legues, considerou a proposta "inovadora e atraente", mas alertou para a necessidade de a UEFA proteger também as ligas nacionais e ter em conta o aumento do número de jogos. Existe ainda a preocupação que este novo modelo da Champions possa vir a retirar espaço e receitas às competições nacionais.
Outro dos assuntos em destaque na reunião foi a distribuição de prémios, com a European Leagues a defender que se deve reduzir a diferença para os clubes que não se qualificam para as competições europeias.
Lars-Christer Olsson, presidente da European Leagues, referiu que as decisões vão ser tomadas pela UEFA, mas salientou que as partes estão a discutir as alterações, bem como as federações e os clubes, defendendo a necessidade de um equilíbrio entre as competições nacionais e as competições europeias.
Clubes de Champions poderão deixar de comprar ou vender jogadores entre si
Além de um novo formato da prova milionária, a Associação Europeia de Clubes quer mexer também no mercado de transferências para evitar quebras financeiras e perdas desportivas irreparáveis nos grandes clubes, devido aos muitos milhões investidos na contratação de 'estrelas'.
"Estamos a discutir a mudança do sistema de transferências para que os clubes da Liga dos Campeões não possam comprar ou vender jogadores entre si; podem apenas negociar atletas com clubes de menor ranking", explicou Andrea Agnelli, presidente da Juventus e da Associação Europeia de Clubes.
Se esta medida for para a frente, deixaremos de ver as grandes transferências no futuro entre os principais 'tubarões' europeus. Estrelas como Mbappé, Haaland ou Salah deixarão de poder ser contratados por clubes como Real Madrid, Barcelona, Bayern Munique, Manchester City ou PSG. Estas estrelas só mudariam para os grandes clubes quando terminassem contrato.
Uma medida que também poderá ajudar no equilíbrio dos clubes.
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