Os clubes de futebol devem passar a mensagem de que a modalidade desenvolve uma atividade física saudável e recrutar atletas femininas em ambiente escolar e familiar, segundo um estudo da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) hoje divulgado.

“Uma estratégia de sucesso passa pela capacidade de os clubes recrutarem nos locais certos, onde as meninas começam a descobrir o futebol (ambiente escolar e com amigos), bem como procurarem os pais que gostam de futebol e mais ainda os que já jogaram/jogam”, realça o primeiro estudo divulgado pelo novo projeto da FPF, o ‘Portugal Football Observatory’.

Segundo as conclusões do trabalho, os clubes devem ainda passar a mensagem de que “o futebol permite desenvolver uma atividade física saudável e facilita, ao mesmo tempo, a socialização”.

O documento, que tem como tema central ‘como angariar e reter mais no futebol feminino?, analisa 10 temporadas, entre 2010/11 e 2019/20, nas quais o crescimento do futebol feminino foi notório, tendo o número de praticantes mais do que duplicado.

Na época 2019/20, situava-se perto das 10 mil praticantes, face às cerca de 3.500 em 2010/11, o que representa um crescimento de 181%.

O futebol masculino teve no mesmo período um crescimento de 17%, registando cerca de 211.500 praticantes na época 2019/2020.

Segundo o documento, quando questionadas, as atletas federadas e informais apontaram como principais motivações para a prática de futebol o ‘gosto pelo futebol’ (39% jogadoras de futebol informal e 37% jogadoras federadas), a ‘perceção de autocompetência’ (20% e 19%) e o ‘gosto pela competição’ (16% e 19%).

“Gostar de futebol, ter perceção de competência e gostar de competir são fatores chave para que uma menina se torne praticante”, explica a FPF.

Quanto à motivação para a prática de futebol federado, identificam-se como dois principais influenciadores na angariação de atletas federados os ‘clubes’ e ‘amigos e familiares’.

Sobre o primeiro contacto com a modalidade, as atletas federadas identificaram o ‘ambiente escolar’ e a convivência com ‘amigos e familiares’.

“Desta forma, as estratégias de angariação podem passar por criar uma maior proximidade dos clubes aos ambientes escolar e familiar”, aponta o estudo.

Nas questões colocadas aos pais e mães que gostam de futebol, e com filhos entre os 05 e 18 anos, 66% afirmam já terem praticado futebol, federado ou informalmente.

Mas apenas 54% admitem que motivaram ou motivarão as filhas a jogar futebol, subindo este número para os 92% quando a questão se refere a meninos. Ainda assim, cerca de 93% dos pais e mães permitiriam que as filhas praticassem futebol caso demonstrassem interesse.

Os principais motivos para incentivar a prática da modalidade são a ‘socialização’ (31%), a ‘atividade física saudável’ (29%) e a ‘vontade dos filhos’ (19%).

“Estes dados sugerem que valerá a pena comunicar assertivamente estas ideias positivas sobre a prática da modalidade, sobretudo junto dos pais e mães que gostam e já jogaram. As ideias-chave a reforçar são que o futebol permite praticar uma atividade física saudável e facilita a socialização”, revela ainda.

Com a evolução positiva do número de inscrições, a taxa de abandono da modalidade tem vindo a diminuir, sendo em 2018/19 de 26%, face aos 38% em 2010/11.

Mas ao analisar o número de saídas em absoluto, este tem aumentado, com 1.434 abandonos em 2018/19, face às 784 desistências em 2010/11.

“Estes dados reforçam a importância da criação de estratégias eficazes de angariação e retenção”, alerta.

A FPF salienta a importância da ‘Festa do Futebol Feminino’, evento que decorre no Estádio Nacional, em Oeiras, e que junta centenas de praticantes sub-13 e sub-15 federadas e não-federadas, que teve a sua a última edição em maio de 2019, com a presença de 740 jogadoras. Cerca de 17% das participantes tornara-se federadas após o evento.

O estudo recorreu à base de dados da FPF entre as épocas 2010/11 e 2019/20. Foram elaborados ainda questionários a meninas com idade superior a 13 anos, com gosto por futebol, praticantes ou não da modalidade, de forma federada ou informal, e ainda a pais e mães de jovens com idades entre os cinco e 18 anos.

Estes questionários foram divulgados através da rede social Facebook, com “o intuito de obter uma amostra abrangente e diversificada, e ainda mediante envio por email a atletas federadas ou divulgação junto dos clubes”.

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