A UEFA impôs a presença de público no Euro2020 de futebol, adiado para o verão, sujeitando as originais 12 cidades-sede à divulgação prévia de planos de contingência face à covid-19, para improvisar duas mudanças de estádios.

Em 14 de março, o presidente do organismo regulador do futebol europeu revelou ao jornal croata Sportske Novosti que os jogos da fase final do torneio, no qual Portugal defenderá o título conquistado em 2016, “não seriam disputados com bancadas vazias”.

“Todos os organizadores terão que garantir a presença de público”, atirou o esloveno Aleksander Ceferin, admitindo a possibilidade de diminuir o lote de anfitriões ou mesmo restringir a um só país a 16.ª edição do Europeu, previsto de 11 de junho a 11 de julho.

Desde então, a UEFA pediu a cada cidade-sede que apresentasse até 07 de abril as condições para acolher adeptos em contexto pandémico e calendarizou as deliberações finais para segunda-feira, convertidas num ultimato para três sedes até ao dia de hoje.

Atendendo ao ritmo de vacinação e às medidas de desconfinamento em cada país, além da desaceleração do vírus em épocas mais amenas, a UEFA mostrou-se flexível para trabalhar em três cenários: estádios cheios, com 50% da capacidade ou de 20 a 30%.

O trabalho de planeamento, logística e concertação do organismo de Aleksander Ceferin incluiu a consulta de federações nacionais, autoridades de saúde e governos de cada país coorganizador, definindo como prioridade máxima a salvaguarda da saúde pública.

A 48 dias da partida inaugural do Euro2020, entre as seleções de Turquia e Itália, no Estádio Olímpico de Roma, a UEFA procurou dar o maior tempo possível às cidades anfitriãs para solidificarem projeções sobre a respetiva situação epidemiológica no verão.

O Azerbaijão concordou disponibilizar metade da lotação do Estádio Olímpico de Baku, correspondente a quase 31.000 lugares sentados, da mesma forma com que a Rússia determinou um máximo de 30.500 adeptos no Estádio Krestovsky, em São Petersburgo.

Esse recinto da ex-capital czarista, inaugurado para o Mundial2018, poderá aumentar a previsão inicial até ao final de abril, num retrato extensível aos estádios localizados em Amesterdão (Países Baixos), Bucareste (Roménia) e Copenhaga (Dinamarca).

Ora, a Arena Johan Cruyff (12.000 espetadores), a Arena Nacional (13.000) e o Estádio Parken (11.250) anuíram 25 a 33% de cadeiras ocupadas, tal como o Hampden Park (12.000), em Glasgow (Escócia), e o Estádio Olímpico de Roma (16.000), em Itália.

Londres também beneficiou do recuo manifestado pela UEFA em janeiro, ao desfazer a proibição de um máximo de 30% da capacidade dos estádios nos jogos das provas sob a sua égide durante a pandemia, permitindo a receção de 22.500 adeptos em Wembley.

Tal nível de assistência abrange o desenrolar da competição no maior recinto do evento, com 90.000 lugares sentados, até aos oitavos de final, mas as autoridades inglesas esperam incrementá-la para os duelos das meias-finais e da final até ao início de junho.

Já Budapeste irá distinguir-se pelas lotações esgotadas na Puskás Arena, onde Portugal pode encarar a Hungria diante de 61.000 espetadores, em 15 de junho, na abertura do Grupo F, e a campeã mundial França, oito dias depois, na reedição da final de 2016.

Pelo meio, em 19 de junho, a equipa das ‘quinas’ jogará perante 14.500 adeptos com a também anfitriã Alemanha na Allianz Arena, em Munique, uma das três cidades céticas sobre a presença de público, a par de Bilbau (Espanha) e Dublin (República da Irlanda).

Em sentido inverso ao recinto bávaro, com 20% da lotação, o Comité Executivo da UEFA decidiu transferir os encontros do Estádio San Mamés para o Estádio de La Cartuja, em Sevilha, mediante uma capacidade máxima de 30% face aos 60.000 lugares sentados.

Já as três partidas do Grupo B e uma outra dos quartos de final marcadas para o Estádio Aviva foram realocadas para São Petersburgo, ao passo que o encontro dos ‘oitavos’ previsto em solo irlandês foi alterado para o imponente Wembley, em Londres.

A UEFA acalenta com otimismo a celebração do 60.º aniversário da primeira edição do Campeonato da Europa, apesar do contexto excecional, vincado por um inédito formato descentralizado, que coloca uma série de constrangimentos aos adeptos mais fiéis.

As restrições impostas pela pandemia estão em constante mudança e complexificam a planificação de viagens pela Europa, que podem mesmo exigir o cumprimento de quarentena obrigatória em algumas latitudes, sem descurar testes ao novo coronavírus.

Para os portugueses que queiram assistir aos jogos da equipa das ‘quinas’, Budapeste obriga à exibição na fronteira de dois testes negativos feitos nos cincos dias prévios, um atestado de infeção anterior com seis meses de validade ou um certificado de vacinação.

Um desses três documentos basta para entrar na Puskás Arena, que terá higienização reforçada, circuitos alternados e 30 minutos dedicados à alocação setorial faseada de cada portador de bilhete, em virtude das habituais regras de distanciamento social.

O ingresso de jogo digital e o uso massivo de máscara também dominarão na Allianz Arena, que obriga à apresentação de um teste negativo antes da partida para Munique, mesmo se os adeptos lusos forem oriundos de zonas do país sem risco epidemiológico.

A fase de devolução de bilhetes terminou na quinta-feira e a UEFA vai preparar medidas especiais para quem foi afetado pelo exclusão de Bilbau e Dublin, enquanto irá verificar se as vendas nas restantes cidades excedem a respetiva lotação autorizada.