José Mourinho, que cumpre no domingo o jogo 1.000 como treinador principal de futebol, lembra-se bem do seu primeiro encontro, uma estreia a perder, no Bessa, ao comando do Benfica, há mais de duas décadas.

“Ainda não me tinha sentado e já estava a perder”, recordou o técnico português à agência Lusa, em alusão ao tento madrugador do brasileiro Duda, que decidiu o jogo a favor dos ‘axadrezados’ logo aos dois minutos. O 1-0 perdurou até final.

O encontro realizou-se em 20 de setembro de 2000, no Porto, onde José Mourinho, então com 37 anos, se apresentou ao mundo como treinador principal, depois de vários anos como adjunto, de ilustres com o inglês Bobby Robson ou o holandês Louis van Gaal.

Dias antes, e conforme contou no livro ‘Um Ciclo de Vitórias’, que escreveu em parceria com Luís Lourenço, recebeu um telefonema que “iria mudar a sua vida”, do “grande amigo Eládio Paramés”, então “Diretor de Comunicação da Benfica SAD”.

De início, Mourinho pensava que o convite era para continuar a ser adjunto - etapa que tinha decidido terminar –, sendo que se falava de Toni para técnico principal, mas percebeu que não quando se encontrou com o então líder dos ‘encarnados’.

“Aceita ser treinador principal do Benfica”, foram as palavras do polémico João Vale e Azevedo, que explicou ao técnico luso que de futebol nada percebia, mas que, após aconselhado, o tinha escolhido pelo seu “caráter e personalidade”.

O treinador luso aceitou o desafio e, dias depois, com uma apresentação oficial pelo meio, já com o ex-central brasileiro Mozer como adjunto, estreou-se como treinador principal, em encontro da quinta jornada do campeonato luso de 2000/01.

“Não me lembro do 10.º ou do 100.º, mas claro que me lembro do primeiro jogo. Foi frente ao Boavista, com o Benfica, e ficou 1-0”, frisou à Lusa Mourinho, que, como explicou em ‘Um ciclo de Vitórias’, encontrou no Benfica um “plantel fraco, sem futuro e sem ambição”.

No Bessa, o seu primeiro ‘onze’ foi composto pelo malogrado guarda-redes Enke e um quarteto defensivo formado pelo jugoslavo Dudic, à direita, Paulo Madeira e o brasileiro Ronaldo, ao meio, e o paraguaio Rojas, à esquerda.

Para o meio-campo, os eleitos foram Fernando Meira, como médio mais defensivo, Maniche – seria expulso sobre o final - e o checo Poborsky, com Carlitos e o egípcio Sabry a surgirem como extremos, no apoio ao holandês Van Hooijdonk.

Mourinho, que trocou Kandaurouv e Uribe por Dudic e Sabry em relação ao último ‘onze’ de Heynckes (2-1 ao Estrela da Amadora), ainda lançou Calado, João Tomás e Miguel, mas não conseguiu dar a volta ao golo a abrir dos comandados de Jaime Pacheco, que viriam a sagrar-se sensacionalmente campeões nacionais.

A carreira de treinador principal de ‘Mou’ começou, assim, com um desaire, que, então, atirou o Benfica para o oitavo lugar da classificação, com sete pontos, a seis do líder Sporting de Braga.

Nos ‘encarnados’, a sua trajetória foi muito curta, pois, pouco depois da sua entrada, realizaram-se eleições e Manuel Vilarinho destronou Vale e Azevedo, depois de, durante a campanha, ter feito saber que o ‘seu’ treinador era Toni.

Mourinho só cumpriu, assim, 11 jogos como treinador do Benfica, despedindo-se, porém, em ‘grande’, com um 3-0 ao então campeão Sporting, na Luz, em 03 de dezembro de 2000, à 13.ª jornada, graças a um penálti de Van Hooijdonk e um ‘bis’ de João Tomás.

Foi a primeira grande vitória da sua carreira como treinador principal e a última pelo Benfica, num resultado que teve como ‘dano colateral’ a queda de Augusto Inácio, despedido do comando dos ‘leões’ meses após um histórico título.

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