Novak Djokovic continua a sua 'guerra' com as autoridades australianas no sentido de participar no primeiro 'Grand Slam' da temporada. No entanto, a situação do sérvio não é fácil, depois de ver as autoridades australianas recusarem a sua entrada no território.

As autoridades australianas poderão investigar o sérvio por falsas declarações para obter o visto de permanência no país, escreve o jornal 'The Guardian'.

O líder do ranking mundial respondeu "não" à pergunta sobre se tinha viajado nos 14 dias anteriores ao voo para a Austrália, num formulário de saúde para entrar no país, quando as suas redes sociais e notícias nos media internacionais mostram precisamente o contrário.

Djokovic deixou-se fotografar ao lado do compatriota Petar Djordjic, jogador de andebol do Benfica, em Belgrado, no dia 25 de dezembro de 2021. A 02 de janeiro de 2022, Djokovic esteve em Marbella, Espanha, onde também se deixou fotografar ao lado de várias crianças.

Ainda foi visto em eventos públicos em Belgrado, quando partiu para a Austrália, em 04 de janeiro, o que dá novo argumento ao governo australiano no diferendo que têm mantido.

“Fazer uma declaração falsa ou enganosa constitui uma ofensa grave”, alerta o documento de entrada na Austrália, preenchido pelo sérvio.

Depois de ter visto um tribunal de Melbourne dar-lhe razão, ordenando a sua libertação e entrada no país, esta informação errada pode enfraquecer a posição de Djokovic, numa altura em que o ministro da Imigração australiano, Alex Hawke, ainda está a analisar a possibilidade de cancelar o visto novamente, um poder que a lei lhe atribui.

Se se comprovar que Djokovic prestou falsas declarações na obtenção do visto, as autoridades australianas podem ordenar a sua deportação.

O tenista, de 34 anos, deseja competir no Open da Austrália em busca de um inédito 21.º triunfo em torneios do ‘Grand Slam’: neste momento, está empatado no lote dos mais vencedores de sempre com o espanhol Rafael Nadal, que também está em Melbourne, e o suíço Roger Federer, todos com 20 conquistas.

Sérvia pede à Austrália que respeite direitos de Djokovic

Esta terça-feira, a primeira-ministra sérvia, Ana Brnabic, pediu ao seu homólogo australiano, Scott Morrison, um tratamento justo e respeito pelos direitos de Novak Djokovic. Segundo um comunicado, Brnabic sublinhou na conversa telefónica a importância das condições de treino e preparação física do tenista para o torneio que lhe foram negadas nos últimos dias. A primeira-ministra pediu também uma troca direta de informações nos próximos dias entre os dois governos e disse que a Sérvia está pronta para oferecer à Austrália todas as garantias.

O tenista, número um mundial, aterrou no aeroporto de Melbourne na quarta-feira à noite para participar no Open da Austrália, que decorre de 17 a 30 de janeiro.

Após a chegada, as autoridades de imigração revogaram o visto por, alegadamente, não ter cumprido os requisitos de entrada que procuram prevenir a propagação da covid-19 no país, apesar de uma isenção médica que lhe permitia entrar no país sem vacinação.

O tenista ficou isolado até segunda-feira num hotel destinado a requerentes de asilo em condições que a sua família denunciou como "desumanas".

A defesa de Djokovic, que se opõe à imunização obrigatória contra a covid-19, alega que o sérvio recebeu uma avaliação por correio eletrónico do Departamento de Assuntos Internos australiano, na qual se indicava que este era elegível para entrar no país sem quarentena, embora o Governo de Camberra argumentasse que tal não constituía uma garantia.

O tenista foi, entretanto, libertado por um tribunal australiano, insistindo em disputar o Open da Austrália. O juiz Anthony Kelly ordenou ao Governo australiano a libertação do atleta, a devolução do passaporte e bens pessoais do sérvio, bem como o pagamento das despesas legais de Djokovic, que poderá assim disputar o Open da Austrália, mas o governo admitiu recorrer.

A libertação de Djokovic reuniu centenas de apoiantes que rodearam a viatura que o transportava, obrigando a polícia a tentar dispersar a multidão.

Apesar da vitória judicial, Novak Djokovic ainda pode ser expulso da Austrália.

*Artigo atualizado