Novak Djokovic vai continuar detido na Austrália "em parte incerta", até nova audiência, após uma reunião de emergência entre os advogados do tenista sérvio, os do Ministério do Interior e do juiz Anthony Kelly. Da reunião saiu a decisão de se suspender a deportação do tenista sérvio até que a justiça decida sobre o cancelamento do visto de entrada do tenista sérvio no país

As duas partes deverão agora chegar a um acordo sobre em que local manter o sérvio até sábado, dia em que será entrevistado pelos Serviços de Emigração da Austrália em audiência definitiva. Até lá, o juiz Anthony Kelly pediu ao Governo australiano que não tome qualquer medida contra Djokovic.

O sérvio deveria ser levado ao Park Hotel onde estava instalado inicialmente, antes da audiência final, mas Nick Wood, advogado de Djokovic, pediu que o tenista fosse colocado num local desconhecido, por questões de segurança.

Stephen Lloyd, advogado em representação do ministro e do governo, garantiu que o sérvio não será deportado, para já, mas terá de se apresentar aos Serviços de Imigração na manhã de sábado na Austrália (21 horas desta sexta-feira, hora de Lisboa). Djokovic poderá falar com os advogados, mas ao meio-dia local deverá voltar à detenção.

As revelações do advogado do governo australiano, Stephen Lloyd, ocorreram perante o mesmo juiz de um tribunal de Melbourne que anulou o cancelamento inicial do visto de Djokovic e que hoje promoveu uma audiência de urgência, declarando, no fim, a entrega do processo ao Tribunal Federal.

A decisão de deportar o sérvio foi muito criticado pela sua defesa, pelo 'timing' escolhido. O Ministro australiano da Imigração, Alex Hawke, retirou, pela segunda vez, o visto de entrada de Djokovic às 18h00 locais desta sexta-feira, deixando pouco tempo à defesa para contra-atacar, uma vez que o Open da Austrália começa dentro de dois dias.

Se se confirmar a deportação do vencedor do Open da Austrália por nove vezes (2008, 2011, 2012, 2013, 2015, 2016, 2019, 2020 e 2021) , o sérvio não poderá voltar à Austrália até 2025.

Djokovic deveria começar a sua participação no primeiro Grand Slam da temporada esta segunda-feira.

Muitas vozes críticas

Foram vários os tenistas que apontaram o dedo a Novak Djokovic em todo este processo, entre eles João Sousa. "Djokovic tem os seus ideais. O que está a acontecer não é bom para o ténis. Consigo colocar-me no lugar dele e entender aquilo pelo qual está a passar, percebo que é aquilo em que ele acredita, mas é uma atitude um bocadinho egoísta para com os colegas de profissão porque muitos de nós — não é o meu caso — também não queríamos vacinar-nos e tivemos de fazê-lo para poder jogar. Eram as regras. Acaba por ser uma regra que o Djokovic conseguiu contornar. E foi o único que não está vacinado a entrar cá e a competir neste Grand Slam. Para todos os outros jogadores não é uma decisão fácil de aceitar. Mas entendo que ele defenda os seus ideais. Temos de aceitar e interessa é que esteja tudo bem, com saúde", afirmou o tenista português.

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Mais recentemente, também o grego Stefano Tsipitas tinha criticado o atual n.º1 do mundo. "Tem estado a jogar com as suas próprias regras. Ninguém pensou 'posso ir à Austrália sem me vacinar e sem ter de seguir os protocolos'. Para o Novak funcionou de outra maneira e é preciso muito atrevimento para o fazer. Colocou em risco a sua participação num grande Slam, acho que muitos jogadores não fariam isso", referiu.

Em risco de ser preso também na sérvia

Não é só na Austrália que Djokovic está em maus lençóis. O tenista sérvio corre também o risco de ser preso no seu país-natal.

Djokovic afirma ter sido testado para a covid-19 a 16 de dezembro, cujo resultado descobriu um dia mais tarde, já depois de ter participado num evento desportivo em que entregou prémios a crianças.

No entanto, dois dias depois, a 18 de dezembro, concedeu uma entrevista a um jornalista do L'Équipe, quando já sabia que estava infetado.

"Senti-me obrigado a ir à entrevista com L'Équipe porque não queria desapontar o jornalista, mas mantive a minha distância social e a minha máscara facial, exceto durante a sessão fotográfica. Quando regressei a casa, para me isolar durante o período exigido, após reflexão, entendo que foi um erro de julgamento e aceito que deveria ter adiado o compromisso", disse o atleta num comunicado publicado na sua conta na rede social Instagram.

Djokovic chegou a Melbourne a 05 de janeiro com uma isenção médica que lhe permitiria jogar no Open da Austrália, primeiro ‘major’ de 2022, sem ser vacinado contra a covid-19, mas o visto foi posteriormente cancelado pelas autoridades alfandegárias.

O sérvio ficou detido até uma decisão judicial na segunda-feira ordenar a sua libertação - emitida pelo mesmo juiz que hoje promove a audiência -, mas o Governo australiano voltou a cancelar o visto.

A decisão foi tomada "por razões de saúde e ordem pública", disse o ministro, em comunicado.

Djokovic, que pretendia atingir o recorde de 21 títulos em torneios de ‘Grand Slam’, caso ganhasse o Open da Austrália, admitiu esta semana ter prestado falsas declarações à entrada da Austrália.

Para além de erros e inconsistências na declaração de Djokovic para entrar na Austrália, soma-se a violação das diretrizes de isolamento face à pandemia de covid-19 na Sérvia.

Djokovic tinha declarado que não tinha viajado nos 14 dias anteriores, mas na realidade tinha viajado da Sérvia para Espanha, enquanto no seu país natal deu uma entrevista a um meio de comunicação social francês sabendo que testara positivo ao coronavírus.

*Artigo atualizado

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