Miguel Oliveira assume que no dia 31 de maio de 2015 cumpriu "um sonho” de criança ao ouvir “o hino a tocar” num pódio do Mundial de velocidade de motociclismo, quando venceu o Grande Prémio de Itália em Moto3.

Em entrevista à Agência Lusa a propósito do quinto aniversário da primeira vitória de um português no Campeonato do Mundo de Velocidade de motociclismo, o piloto de Almada revela que o dia 31 de maio "mudou" a sua carreira "para melhor".

"As recordações são de tremenda alegria, muito orgulho, sobretudo por ter sido uma meta e um objetivo alcançado. Para mim, foi um sonho tornado realidade. Desde que me lembro que sonho em estar num pódio do Mundial com o hino a tocar. Por isso, todas as recordações são fantásticas", sublinhou o piloto luso.

Sobre aquele dia, no circuito de Mugello, Miguel Oliveira recorda a "confiança" sentida, até porque nos dois anos anteriores já tinha estado a lutar pela vitória. "Arranquei de 11.º, mas acreditava que ia ganhar. Disse para mim mesmo que aquele era o dia. A minha confiança era tão grande que acabei por ganhar", disse à Lusa.

O segredo foi a preparação para o setor final, um dos mais rápidos. "O ponto decisivo foi o último setor da pista que começava com um S que se faz a fundo e a última curva. Tinha de embalar bem a mota na curva e concentrei-me em fazer bem o último setor. Isso valeu-me estar na liderança nas ultimas voltas. Fazia essa curva muito mais depressa que todos os outros pilotos", lembra Oliveira.

Esta foi a primeira de 12 vitórias na carreira do piloto português, três em Moto3 e três em Moto2. Mas aquela ainda perdura na memória.

"Todas as vitórias têm um sabor especial. A primeira tem um sabor extra por romper a barreira psicológica de sabermos que podemos ganhar. Todas são difíceis, mas a primeira marca por ser um momento de realização muito grande", explicou o português.

Agora que se prepara para a segunda época em MotoGP, a classe rainha do Campeonato do Mundo, o piloto português continua a ambicionar subir ao degrau mais alto do pódio.

"A KTM [construtora com a qual corre] está em bom nível para lutar por lugares dentro do ‘top 10’. Vamos passo a passo para chegarmos ao ‘top 5’ e lutarmos pelos pódios e, depois, pelas vitórias. Neste momento é difícil falar sem saber o grau de competitividade em que estamos. Mas acredito que a KTM estará pronta brevemente para vencer", frisou.

O piloto português falou ainda do período de confinamento e do atraso do regresso da competição. À Lusa revelou que aproveitou para recuperar da lesão no ombro direito sofrida ainda em 2019.

"Vivi este período de forma um pouco receosa na primeira parte, com a adoção de todas as medidas de proteção e com momentos de muita incerteza. Vi o campeonato a ser quase todo cancelado, sem saber se haveria perspetivas de recomeçarmos. Aproveitei para me focar na recuperação e pôr o meu ombro a 200%, mas já se encontra completamente bem", garantiu.