O antigo piloto de Fórmula 1 Lucas di Grassi, que atualmente corre pela Audi no campeonato de Fórmula E, admitiu hoje que a inteligência artificial possa num futuro próximo dispensar a existência de pilotos nos desportos motorizados.

“Estamos a trabalhar num veículo de corrida autónomo e a primeira corrida pode ter lugar dentro de dois ou três anos. Isto pode tornar-me desempregado no futuro. Não vai haver mais pilotos de corrida”, disse, numa palestra na Web Summit, a decorrer em Lisboa, sobre a energia elétrica e o futuro dos desportos motorizados.

O piloto brasileiro indicou que a atualmente “a inteligência artificial ainda é mais lenta do que um piloto profissional humano”.

“Mas essa margem está a estreitar-se rapidamente”, apontou, antevendo que a disseminação de veículos autónomos pode também tornar os desportos motorizados “um nicho no futuro”, já que as pessoas tenderão a “desligar-se do ato de conduzir”.

Para ilustrar a rapidez com que a mobilidade elétrica se está a implantar, o piloto apontou o exemplo da Fórmula E, que começou em 2012 com o propósito de “promover a tecnologia elétrica para o grande público” e envolve hoje, apenas três temporadas volvidas, “oito fabricantes, 10 equipas, 20 condutores” – “tem hoje mais fabricantes do que qualquer competição motorizada, incluindo a Fórmula 1”, apontou.

“Essa transição dos motores a combustão para a motricidade totalmente elétrica é uma mudança única, a que vamos assistir apenas uma vez na vida. Quando a mobilidade elétrica se implantar, os motores serão todos elétricos”, previu, considerando que “a perceção do público sobre os carros elétricos está a mudar muito rapidamente”, também por influência da Fórmula E.

“Na Fórmula E estamos a trazer os carros elétricos para o centro das cidades. É muito interessante e é a primeira vez que se vê isto nos desportos motorizados”, comentou.

O Web Summit decorre até dia 10, quinta-feira, no Parque das Nações em Lisboa. Pode acompanhar tudo sobre a conferência no SAPO Tek.