Portugal vai acolher este domingo a 14.ª e última corrida do campeonato do mundo de motociclismo de velocidade MotoGP de 2020, num Autódromo Internacional do Algarve (AIA) sem público, beneficiando do calendário reformulado devido à pandemia de covid-19.

A temporada deveria ter arrancado em 08 de março, em Losail, com a primeira das 20 provas previstas, mas a expansão da doença causada pelo novo coronavírus levou apenas à realização do Grande Prémio do Qatar nas categorias de Moto2 e Moto3.

A acumulação de quatro adiamentos em solo europeu e 12 cancelamentos em vários continentes estimulou a Dorna, promotora do Mundial de MotoGP, a lançar no verão uma edição reduzida do campeonato, a disputar entre julho e novembro.

O calendário diminuiu para 14 provas, todas no ‘Velho Continente’, e acrescentou seis novas passagens, fazendo coincidir o desenlace da época com a reativação do Grande Prémio de Portugal, trocando o Estoril por Portimão, após oito anos de interregno.

Num contexto inédito e atípico, saía premiado o espírito de iniciativa do administrador do AIA, Paulo Pinheiro, que encabeçou conversações para efetivar o regresso da corrida lusa, a figurar nos planos da Dorna como pista de reserva desde 2017 e até 2021.

O dirigente já tinha sido peça crucial no retorno da Fórmula 1 a solo nacional, 24 anos depois, cujo anúncio foi efetuado em 24 de julho, 17 dias antes da confirmação da 15.ª edição do Grande Prémio de Portugal na classe rainha do motociclismo mundial.

Essa comunicação ocorreu em 10 de agosto, quando o país registava 52.825 casos de infeção e 1.759 mortes desde o início da pandemia, tendo sido logo anunciado que a corrida, a ser concretizada 104 dias mais tarde, iria ter público nas bancadas.

As perspetivas de receber quase 40 mil pessoas num recinto capaz de albergar 92 mil aceleraram a venda de ingressos na transição do verão para o outono, numa marcha travada com efeitos imediatos pelo primeiro-ministro António Costa em 31 de outubro.

A decisão saiu de um Conselho de Ministros extraordinário, no âmbito da resposta à pandemia de covid-19, seis dias após o Grande Prémio de Fórmula 1 ter superado os 27.500 espetadores e sentido dificuldades para manter o distanciamento nas bancadas.

O fracassado teste de público no AIA, entre 23 e 25 de outubro, foi criticado por Governo e autoridades de saúde, levando Portugal a seguir a tendência global de corridas à porta fechada na 72.ª temporada da história do MotoGP.

As restrições só foram aliviadas na dupla etapa disputada no circuito italiano de Misano, em 13 e 20 de setembro, quando compareceram cerca de 10.000 adeptos, e na prova organizada no recinto francês de Le Mans, em 11 de outubro, com quase 5.000.

O recrudescimento da pandemia devolveu Portugal ao estado de emergência de 09 a 23 de novembro, numa altura em que o país somava até segunda-feira 225.672 casos e 3.472 mortos, dos quais 4.173 infetados e 34 óbitos pertencem à zona sul do país.

A ausência de público foi estimada pelo Turismo do Algarve em perda de receitas diretas de 74 milhões de euros para aquela região, além de frustrar a ambição dos aficionados portugueses de motociclismo em apoiar o compatriota Miguel Oliveira (KTM).

O almadense será o primeiro luso a correr em solo nacional no MotoGP e vai finalizar a segunda temporada consecutiva na elite, depois do 17.º posto em 2019, surgindo na 10.ª posição, com 100 pontos, menos 71 que o espanhol Joan Mir (Suzuki), que se sagrou campeão do mundo no domingo, em Valência.

Habituados a conviver numa ‘bolha’ de segurança, com circulação limitada e testes regulares ao novo coronavírus, alguns pilotos aclimataram-se a Portimão em 07 e 08 de outubro, ao experimentarem o novo asfalto do AIA nos testes oficiais de MotoGP.

As obras de renovação estrutural numa pista enaltecida pela grelha suportam o desejo de Paulo Pinheiro em renovar os votos de confiança depositados este ano por Liberty e Dorna, dinamizadoras das duas principais classes de elite do desporto motorizado.

Se o calendário provisório da próxima edição do Mundial de Fórmula 1 afastou Portugal das 23 corridas planeadas, o AIA dispõe de um pré-acordo para entrar a título definitivo na programação do MotoGP a partir de 2022.

Quase um mês após a elite das quatro rodas, Portimão vai acolher entre sexta-feira e domingo o derradeiro evento desportivo transitado para Portugal devido à pandemia, três meses depois de Lisboa ter albergado a ‘final a oito’ da Liga dos Campeões de futebol.

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