O bicampeão mundial Jorge Fonseca assumiu ter mudado a sua forma de encarar o judo para "ser o melhor do mundo", num percurso em que passou a contar, após o primeiro título, com orientação psicológica.

"Mudei para poder ser o melhor e, neste momento, a minha forma de ser é para ser o melhor, para poder conquistar tudo o que quero conquistar, ainda falta muito trabalho, ainda falta muito para conquistar", começou por dizer o judoca, em entrevista à agência Lusa.

A mudança aconteceu após o primeiro título mundial, em 2019, em Tóquio, uma conquista inédita no judo português, com Jorge Fonseca a chegar ao patamar mais alto em -100 kg e a pedir apoio ao Comité Olímpico de Portugal (COP).

"Tento fortalecer-me dentro e fora do combate e consigo estar de forma completamente diferente, é um Jorge completamente diferente (...)", disse ainda o judoca, justificando o processo que lhe mudou a forma de pensar e agir.

Para isso passou a contar com o apoio da psicóloga Ana Ramires, que o ajudou no caminho, em que olha para si e deixa de ver um miúdo com vontade de dar ‘show’, mas antes um atleta focado, que quer ganhar, mas não tem medo de falhar.

“O Jorge, literalmente, já não é aquele miúdo de show, é um Jorge atleta e antigamente não o era. Consigo definir o que é um atleta, um superatleta, um lutador, consigo ver a definição. Ao longo do tempo era um lutador, lutava para sobreviver. Um atleta não luta para sobreviver”, argumentou.

Uma mudança que o coloca no auge da carreira e é aí que quer permanecer, fiel a um guião que diz funcionar.

“Não quero que as coisas falhem, estou no auge da minha carreira e vou manter esse método até ao final, é isso que me faz conquistar medalhas, ser um homem, dentro e fora do tapete, ser um bom pai, ser um bom marido, ser tudo”, adiantou o medalha de bronze em Tóquio2020, referindo ter orgulho da pessoa feliz em que se tornou.

Para Jorge Fonseca existe ou antes e um depois de 2019, e agora vive o seu melhor momento, com alegria no que faz, tendo revalidado o título mundial em 2021, admitindo que ainda existe muito a conquistar e que só depois de chegar ao título olímpico é que pode equacionar a saída dos tatamis.

“O meu objetivo é ser campeão olímpico, se for em Paris acho que fico por ali, e vou procurar dedicar-me a um após carreira. Se as coisas correrem mal em Paris, aí vou ter de continuar no desporto, vou ter de continuar até onde der, porque tenho capacidade para isso”, defendeu.

Os Europeus de judo em Sófia, na Bulgária, decorrem entre sexta-feira e domingo, com Portugal a contar com Jorge Fonseca (-100 kg), Catarina Costa (-48 kg), Joana Diogo (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), Bárbara Timo (-63 kg), Patrícia Sampaio (-78 kg), Rodrigo Lopes e Francisco Mendes (-60 kg), João Crisóstomo (-73 kg), João Fernando (-81 kg) e Anri Egutidze (-90 kg).