No início deste ano, a jovem bracarense Carolina Costa, de apenas 12 anos e bailarina do Conservatório Internacional de Dança Annarella Sanchez, conquistou três Medalhas de Ouro para Portugal no prestigiado concurso de dança 'Ballet Beyond Borders Grand Prix Dance Challenge', que se realizou em Missoula, cidade do estado de Montana nos Estados Unidos da América.

A solo, interpretando balé clássico e contemporâneo, Carolina impressionou os jurados com as suas exibições e também em Pas de Deux, ao lado do bailarino Francisco Gomes, de 15 anos, ele que se destacou na edição de 2018 do Got Talent Portugal, tendo ficado em segundo lugar.

Nesse dia, Carolina Costa conseguiu o primeiro lugar em todas as categorias em que competiu, tendo visto o seu nome inscrito na galeria de vencedores da competição.

Um feito que levou esta jovem à Assembleia da República, onde lhe foi atribuído um voto de louvor por unanimidade pelo “exemplo de esforço, trabalho e perseverança, tendo pela frente uma promissora carreira”, referiu o Parlamento.

Contudo, esta não foi a primeira vez que Carolina Costa brilhou ao mais alto nível. Há exatamente um ano, a bailarina conquistou quatro medalhas de ouro e também uma de prata na Final do Dance World Cup, que decorreu em Barcelona. A jovem teve apenas seis dias para ensaiar seis coreografias.

"Não tenho medo de nada", Carolina Costa

SAPO Desporto: Começaste a dançar aos três anos. Como foi?
Carolina Costa: Lembro da minha avó me ter colocado no balé para experimentar e de ter gostado muito. Depois comecei a ter catequese e isso acabou por me fazer atrasar face às outras raparigas da dança, quis desistir, felizmente isso não aconteceu.

SD: Quando é que sentiste que querias dançar para o resto da tua vida?
CC: Mais ou menos aos 10 ou 11 anos, quando me mudei para a Ent’ Artes, em Braga, Foi quando comecei a gostar mais, a fazer concursos, atividades de dança e a fazer pontas.

SD: Quando eras pequenina, o que querias ser?
CC: Sempre pensei no balé. Ainda pratiquei dança contemporânea, mas a minha paixão era mesmo o balé.

SD: O que sentes quando praticas dança contemporânea e balé clássico?
CC: Dança contemporânea é mais livre, os dois servem para expressar bem os sentimentos, mas a clássica é mais rigorosa e técnica, mais de postura, gosto mais.

SD: Que sacrifícios já fizeste?
CC: Para ser bailarina clássica é preciso ser magra, tive de deixar a casa dos meus pais e viver para Leiria, mas nem considero isso um sacrifício. A maioria das crianças vão brincar ou dormir depois da escola, nós não, depois das aulas temos conservatória até às 20h30.

SD: Quando estás na escola estás a pensar na dança e quando estás na dança pensas nos trabalhos de casa que tens de fazer?
CC: Não, estou sempre a pensar na dança (risos).

SD: Pretendes concluir o ensino obrigatório?
CC: Sim, tenho de ter boas notas porque isso vai influenciar a minha nota no balé. É um ensino antiquado… Quando acabar quero ir para fora, para uma companhia internacional. Se pudesse escolher, iria para o Royal Ballet School, em Londres.

Carolina Costa, a bailarina que encanta o mundo
Todas as fotografias são cortesia de Ricardo Costa.

SD: Qual foi o teu melhor momento enquanto bailarina?
CC: Há muitos momentos bons, porque temos professores de países diferentes e sempre que um ensaio sai bem, é ótimo. Uma experiência muito boa e feliz foi em Nova Iorque há uns meses, quando dancei para alguns grupos e, só de saber que lá estava, foi muito bom.

SD: Sentes medo?
CC: Não tenho medo de nada, nunca tive uma lesão, mas também não tenho esse receio.

SD: O bailado ideal?
CC: Lagos dos Cisnes.

SD: Filme ou livro preferido?
CC: Não temos mesmo muito tempo para tempo livre.

SD: Destino mais bonito onde estiveste?
CC: Quando fui ao Ballet Heritage, em São Petersburgo, é muito bonito.

SD: Tens agradecimentos a fazer?
CC: Aos meus professoras Annarella Sanchez e Enrique Cancio e aos meus pais. A minha mãe todos os sábados à tarde tem de me ir buscar leira e os meus avós na segunda de manhã, às 06h têm de me levar para Leiria, porque tenho aulas às 08h30.

Annarella Sanchez está em Portugal para formar os melhores bailarinos

Não há programa televisivo de talentos que não fique marcado pela participação dos bailarinos desta escola.

É nas pontas dos pés que a magia de uma bailarina, ou bailarino vai ganhando forma. Saltando de um lado para outro, pliés, tendus e muitas, mas mesmo muitas, piruetas. É o que fazem, todos os dias, as bailarinas do Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez, em Leiria.

O objetivo é o desenvolvimento técnico e artístico dos alunos. Além de Carolina Costa, também António Casalinho faz parte do grupo de estudantes. Entre atividades lúdicas que promovem a consciência corporal, noção de tempo e espaço, o aprimoramento das habilidades corporais e o alargamento do repertório artístico cultural através de participações mundiais em apresentações e concursos, fazem desta escola um lugar único em Portugal para quem quer brilhar ao mais alto nível.

Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez
créditos: Facebook Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez

Annarella Sanchez é uma antiga bailarina cubana que está em Portugal desde 1996 e, nos últimos anos, tem sido uma verdadeira criadora de talentos, colocando a cidade de Leiria na rota para quem quer ser o melhor e vingar lá fora.

A maioria dos alunos do Conservatório frequenta o ensino articulado (entre o 7.º e o 12.º ano), sendo que os mais novos (5.º e 6.º anos) são estudantes do agrupamento Correia Mateus, da mesma cidade. Entretanto juntou-se o agrupamento de escolas da Batalha e há ainda muitos estudantes estrangeiros que chegam a Portugal apenas para se dedicar à dança. Desde que funciona como conservatório - das 09h às 20h30 -, a escola de Annarella tornou-se ainda mais concorrida.

O pai, Ricardo Costa, explicou porque apoiou a filha na mudança de Braga para Leiria, confessando ao SAPO Desporto que é muito duro 'entregar' a sua filha a alguém de segunda a sábado.

De Braga para o mundo

Carolina Costa nasceu na capital minhota, em outubro de 2006, e com apenas três anos iniciou-se na dança, fazendo parte da Ent’artes – Escola de Dança de Braga aos oito anos. Em 2017, concorreu ao Prémio de Jovens Talentos de Braga, onde conseguiu o primeiro lugar.

No outono de 2018, já com 12 anos feitos, estagiou em na capital russa de Moscovo, ao lado de alguns dos bailarinos mais prestigiados do mundo, tendo siso um marco importante na sua carreira. No mesmo ano, fez um curso de três semanas na prestigiada academia russa de ballet Vaganova, em São Petersburgo.

O próximo destino já está marcado e é um regresso a casa: o Dance World Cup, entre 27 de junho a 05 e julho, no Fórum Altice, em Braga.

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