Campeão do mundo em 2007, em Montreux, na Suíça, Jepi Selva, de 33 anos, reencontrou durante o Mundial2019, a decorrer em Espanha, Renato Garrido e Edo Bosch, bem como alguns dos seus ex-colegas e jogadores de equipas adversárias.

"Em parte, tenho a ‘sorte' de, onde estou a trabalhar, não dar para ver os jogos, mas os poucos que vejo tenho uma vontade terrível de entrar na pista e dar umas ‘sticadas'", disse à agência Lusa o jogador, que representa os italianos do Viareggio.

Apesar de ter representado a Oliveirense, de Oliveira de Azeméis, viveu em Vila Nova de Gaia, tem saudades do hóquei nacional, da comida, em especial de rodovalho, em Matosinhos ou em Espinho, e é admirador do Porto, da baixa e da zona da Ribeira.

"Tive a sorte de conseguir jogar nos três campeonatos mais importantes do mundo, mas do que sinto mais falta é do estilo de jogo português, ofensivo, com rápidos contra-ataques e de olhos sempre postos na baliza", disse Jepi Salva.

Em relação às seleções candidatas ao título no Mundial2019, em Espanha, o ex-internacional espanhol não tem dúvidas e considera mesmo que "não e preciso ser um perito em hóquei em patins" para reconhecer que o troféu será erguido, no domingo, "por uma das seleções habituais campeãs".

"São as habituais. As que praticam um hóquei de mais alto nível, nomeadamente Portugal, Espanha, Argentina, Itália e, abro aqui uma exceção, estou a ver que a França também está a trabalhar muito bem", considerou o ainda jogador dos italianos do Viareggio.

Apesar desta ‘intromissão' da França, Jepi Selva não acredita que possam haver surpresas no Mundial2019, mas recorda que a seleção gaulesa, na fase de grupos, venceu a italiana, remetendo-a para o terceiro lugar e para o jogo dos quartos de final com Portugal.

"É uma França que apresenta um nível que não estamos habituados a ver, pois costumava ser mais baixo. Não acredito que vá causar surpresas, mas pode criar dificuldades a algumas seleções, como aconteceu com a Itália, mas para ganhar não", explicou o responsável pelos voluntários.

Quanto a apostas para o jogo da final, no Palau Blaugrana, em Barcelona, e já que está fora de hipóteses um desejado Portugal-Espanha e a reedição da decisão do título da edição de 2017, que "é o sonho de qualquer organizador", Jepi Selva arrisca num Argentina-Portugal ou num Argentina-Espanha.

Apesar da vontade de pegar nos patins e também se juntar na pista às seleções que se encontram a disputar o Mundial2019, onde jogam muitos amigos, Jepi Selva reconhece que o seu ciclo ao mais alto nível já terminou e agora tira partido da modalidade noutras vertentes, apreciando sempre ver jogos interessantes.

Desde que deixou a Oliveirense, há uma temporada, depois de duas ao serviço da equipa de Oliveira de Azeméis, Jepi Selva nunca voltou a Portugal, mas tem agendado para breve um regresso para rever amigos e matar saudades do que mais sente falta.

"Sinto falta da comida portuguesa e dos preços da comida portuguesa, de comer um bom rodovalho na brasa e de sopa, que é ‘top', e de ir a Matosinhos, a Espinho e à Ribeira e baixa do Porto, que é uma cidade com a dimensão ideal", recordou.

Jepi Selva considera que esteve "duas épocas muito boas na Oliveirense", que classificou de "um grande clube de Portugal", onde teve o prazer de trabalhar com o atual selecionador português Renato Garrido e Edo Bosh e onde foi "sempre muito bem tratado".

Ainda não voltei a Portugal porque acabei apenas há três semanas a época em Itália e, mal cheguei, comecei logo a trabalhar na organização da prova e na preparação dos voluntários para os quatro pavilhões onde está a decorrer o hóquei em patins.

"Mas vou voltar. Gosto muito do Porto. Vivi perto, em Vila Nova de Gaia. O Porto é uma cidade perfeita a nível de tamanho, nem grande nem pequena, tem um centro, a baixa e há muitas coisas para fazer e visitar", considerou o ex-jogador da Oliveirense.

Jepi Selva coordena os voluntários presentes em Vilanova, Terrassa, Sant Cugat e Barcelona, que são as quatro sedes do hóquei em patins, tendo como missão, para além da atribuição das tarefas, ser o primeiro a chegar e o último a ir embora.

Quanto ao futuro, o ex-internacional espanhol, máximo goleador da liga de 2012/13, ao serviço do Vendrell, com 41 golos, em que foi o terceiro melhor jogador, atrás de Jordi Bargallo e Marc Torra, assegura que irá decidir ano a ano.

"Tenho mais um ano de contrato com o Viareggio e depois irei decidir ano a ano. Além do hóquei em patins, que gosto muito e é a minha paixão, tenho outras ocupações e projetos em vista. Vamos vendo", disse.

Josep Maria Selva, conhecido por Jepi Selva, passou pelas camadas jovens do FC Barcelona, após o que representou o Lleida (2004/05), Noia (2005/09) Blanes (2009/12), Vendrell (2012/13) Reus (2013/15), Viareggio (2015/16 e agora) e Oliveirense (2016/18).