O Museu Duas Rodas, no concelho de Anadia, contou com cerca de sete mil visitantes no primeiro ano de atividade, um número para duplicar com o fim das limitações causadas pela pandemia.

“Apesar das limitações da pandemia, que obrigaram a que as visitas fossem com grupos mais reduzidos, cerca de sete mil pessoas visitaram o Museu Duas Rodas. No segundo ano de atividade, contamos ter o dobro dos visitantes, pois já temos inúmeras solicitações”, apontou o responsável dos serviços de Museu e Património do Município de Anadia.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Dias sublinhou que o público tem chegado de todos os pontos do país, mas também por causa das imensas competições internacionais que decorrem no Centro de Alto Rendimento de Sangalhos (Velódromo), onde o museu está instalado.

São dezenas de peças expostas, quase todas elas cedidas no âmbito de "inúmeras parcerias com particulares", que “têm verdadeiros museus em casa”.

“Temos peças de pessoas ligadas à produção, dos próprios inventores e donos de armazéns, atletas de competição, em especial do Sangalhos Desporto Clube, uma referência na história do ciclismo em Portugal. Dominava na década de 50 [do século XX], em que venceu três Voltas a Portugal, com Alves Barbosa; e na década seguinte uma volta com Joaquim Andrade”, informou.

O percurso começa com apontamentos gráficos da origem da bicicleta, contando com exemplares desde o terceiro quartel do século XIX até à atualidade.

Os modelos do início do ciclismo de competição, em finais do século XIX, bem como o “mural das ferrugentas”, onde estão patentes inúmeras bicicletas de marcas de empresas da região, estão entre os atrativos.

Aqui encontram-se ainda registados momentos históricos de alguns ciclistas de competição da região, “verdadeiros tesouros”, como é o caso das camisolas com que Joaquim Agostinho venceu a Volta a Portugal em 1970, 1971 e 1972, para além do troféu oficial da Federação Portuguesa de Ciclismo, onde todos os anos é gravado o nome do vencedor desta prova, desde 1927.

De acordo com o responsável do Museu, são dezenas de peças expostas num espaço que, apesar de “gigantesco”, não serve “apenas para acumular”.

“Há uma rotatividade constante do acervo. Desde que foi inaugurado, em 22 de junho de 2021, o museu tem mudado imenso o que tem exposto, fruto das coleções fantásticas que vamos descobrindo através das parcerias”, destacou.

Para além disso, há também “uma grande aposta na componente interativa”, através da disponibilização de arquivos multimédia, simuladores e jogos.

Um dos simuladores permite realizar uma corrida de bicicleta virtual, em família ou com amigos, onde cada pedalada permite partir à descoberta de pontos turísticos do concelho de Anadia.

Já a segunda metade do percurso expositivo do Museu é dedicada às motorizadas, com exemplares de inúmeras marcas produzidas, ao longo de anos, na região.

A Sachs V5, a mais vendida em Portugal; uma desportiva Forvel Concorde, com particularidade de ter zero quilómetros; e uma Casal Carina estão entre os exemplares mais emblemáticos deste núcleo expositivo.

Entre os atrativos estão também o fato, o capacete e as luvas que o piloto Miguel Oliveira usou no Grande Prémio do Algarve.

No mês em que o Museu Duas Rodas completa o seu primeiro ano de portas abertas, “chegará uma novidade”.

“Vamos apresentar mais um protótipo da Sachs, que estava a ser concebido, para entrar em produção, mas coincidiu com a fase de falência da empresa. É uma peça única, não há mais nenhuma no mundo e pela primeira vez vai ser exibida”, concluiu.

As visitas guiadas ao Museu Duas Rodas são gratuitas e têm uma duração aproximada de 50 minutos.