José Azevedo, ex-ciclista e diretor desportivo da Delko, considera que João Almeida deixou boas indicações para o Giro d'Itália nas provas que realizou até ao momento na época, com três 'Top 10' nas provas de uma semana em que marcou presença, a última das quais na Catalunha.

"O João tem demonstrado que está num bom momento, a confirmar os resultados do ano anterior. Este ano, em todas as provas que fez, esteve na discussão dessas corridas, não foi só estar nos primeiros [lugares], foi ter dado luta pela vitória. Agora na Catalunha chegou a estar na liderança", começou por dizer declarações ao SAPO Desporto.

"Logicamente que até ao Giro ainda falta bastante, agora vai ter um pequeno repouso e um estágio em altitude, para tentar chegar ao Giro numa forma melhor do que aquele em que esteve nestes primeiros meses de competição", acrescentou.

Depois da prestação no Giro do ano passado, muitos acompanham as prestações do ciclista da Deceuninck-Quick Step e, nas redes sociais, alguns consideram que o ciclista de A-dos-Francos não tem equipa para conseguir lutar pelas vitórias.

José Azevedo compreende a ânsia de ver o português voar mais alto, mas afirma que é importante dar tempo ao tempo.

"Logicamente que nós, portugueses, como adeptos queremos sempre que o João faça melhor, mas temos de ser conscientes que o João é um jovem, está no seu segundo ano de profissional e há que lhe dar tempo para que vá crescendo e confirmando o seu valor dentro do World Tour", afirmou.

O diretor-desportivo da equipa francesa da Delko considera que não tem faltado equipa a João Almeida, realçando o trabalho feito pela Deceuninck-Quick Step para o português nas etapas.

"Até ao momento, acho que não foi pela falta de equipa que o João não conseguiu melhores resultados. Temos visto uma equipa muito dependente dele durante as etapas, durante o percurso até chegar à montanha final, bem protegido, com a equipa a fazer bom trabalho para o ter sempre na frente e em boa posição, evitando que ele despenda energia, com corredores experientes que lhe dão alguma tranquilidade dentro do pelotão e na forma como conduz a corrida", começa por explicar.

"Quando chegamos aos dias de alta montanha, por exemplo, na Catalunha, ele teve o Masnada, que conseguiu estar com ele e houve uma altura em que estava na frente e em que fez um excelente trabalho a puxar. Mas também temos de ver é que um corredor que puxa não pode estar até ao último quilómetro", acrescenta.

José Azevedo explica que dentro das equipas atuais, só duas têm planteis com capacidade de chegar aos finais de etapa com mais de um elemento no apoio ao líder: a INEOS e a Jumbo Visma.

"São as duas equipas que têm um plantel tão recheado de trepadores, de um nível que poderiam ser líderes noutras equipas, que fazem com que o seu líder esteja sempre protegido, sempre com um colega praticamente até ao final da etapa. (...) Têm muitos corredores que em muitas provas são corredores de trabalho e que noutras são líderes", explica.

Dando o exemplo de Tadej Pogacar, muitas vezes sem colegas da UAE Emirates no final "porque é mesmo assim, quando chegam os últimos quilómetros, [os ciclistas] praticamente estão entregues a si mesmos", o ex-ciclista destaca o profissionalismo da equipa de João Almeida e apela à paciência dos fãs do 'Pantera'.

"Acho que a equipa tem estado bem, tem sido profissional, correta, todos os colegas têm tido um bom desempenho. Nós agora temos de ter calma e compreender que o João está a começar a sua carreira", afirmou.

Com os bons resultados, aumenta o interesse das equipas do World Tour na contratação do português, com muitos rumores a circularem, mas nada confirmado até ao momento.

José Azevedo compreende o grande interesse no português, tendo em conta a idade, as prestações e a perspetiva de futuro de João Almeida, o que garante às equipas resultados no imediato, mas também a médio-longo prazo.

"Todas essas estruturas procuram ter corredores com esse perfil, até a pensar no planeamento a médio e longo prazo. (...) Um corredor com a idade e o potencial dele são corredores apetecidos por todas as equipas que têm estabilidade neste momento ou garantias a longo e médio prazo com os patrocinados", conclui.

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