A Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) tem um plano para retomar a competição "em junho ou julho", ou um arranque "em agosto ou setembro como plano B", disse hoje à Lusa o presidente, Delmino Pereira.

Em entrevista à Lusa, o líder federativo explica que o plano A é voltar à competição já em junho, depois de a União Ciclista Internacional (UCI) ter estendido até ao final de maio a suspensão de provas.

"Temos um plano A que assenta na retoma de atividade progressiva a partir do mês de junho ou julho. Se começarmos nessa janela, ainda se recupera bastante atividade. Se não for possível, ou se for possível, mas fortemente condicionada, teremos o plano B, para agosto e setembro", explica.

A federação tem trabalhado com equipas e organizadores de provas para tentar "reorganizar os calendários", depois de várias provas terem sido adiadas ou canceladas, como a Volta ao Alentejo, várias clássicas ou o Grande Prémio Abimota, e essa recalendarização assenta "em dois princípios".

"Um, que é a reconstrução da atividade numa lógica desportiva, com provas de retoma, um ponto alto e um fim de época, no sentido em que vai, também o ciclismo internacional", e outro a possibilidade de "esticar o calendário até ao final de outubro", revela.

Pelo caminho, admite, poderão ficar "algumas provas" ou mesmo alguns dias de provas por etapas, que terão de ser reajustadas num novo calendário.

A calendarização é complexa, afirma, porque "por ano organizam-se perto de 800 corridas" em Portugal, de todos os escalões e vertentes do ciclismo, e a prioridade é encontrar soluções "dentro das condições impostas pelo Governo e Direção-Geral da Saúde".

A suspensão generalizada do desporto causada pela pandemia da COVID-19 levou a uma situação delicada no pelotão português, com Delmino Pereira a admitir viver "este momento com preocupação".

"A grande dificuldade está na incerteza [sobre a retoma da atividade] e no impacto económico que vai ter no futuro", aponta.

No que toca a possíveis perdas das equipas portuguesas, foi criado um grupo de trabalho na federação, revela, para "acompanhar as medidas que o Governo implementou", para poder apoiar "equipas e ciclistas" com informação sobre os apoios a que possam recorrer.

Em particular, tem sido indicado às equipas a possibilidade de ‘lay-off' simplificado, uma vez que as equipas são empresas em que os ciclistas profissionais têm vínculos contratuais, e aos que correm "enquanto trabalhadores independentes", foi indicado o subsídio por rutura de atividade também disponível.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil. Dos casos de infeção, mais de 312 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.