A Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) recusou hoje qualquer discriminação para com Fatima Habib, atleta da equipa de sub-16 do Clube de Basquetebol de Tavira, que foi excluída de um jogo por utilizar mangas compridas.

“A FPB recusa frontalmente na sua regulamentação, na sua organização e na sua cultura qualquer tipo de discriminação, seja ela de género, de etnia ou de religião”, começa por transmitir a entidade reguladora do basquetebol nacional, em comunicado.

A FPB garante que cumpriu “rigorosamente” a regulamentação da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), a qual prevê “a possibilidade de os jogadores poderem utilizar equipamento de acordo com as suas convicções religiosas, desde que o mesmo garanta a liberdade de movimentos e assegure a segurança dos intervenientes no jogo”.

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De resto, a FPB revelou que no jogo anterior da formação de Tavira, o treinador já tinha sido informado pela equipa de arbitragem que o equipamento da jogadora “teria de estar de acordo com as regras definidas pela FIBA”, lembrando que a “situação não foi corrigida no jogo do último domingo [de 10 de novembro]”.

“A FPB refuta, assim, a afirmação veiculada de que a jogadora foi impedida de jogar por se recusar a mostrar os braços, tendo, inclusive, na pessoa do presidente da Direção, contactado diretamente a família da jogadora, para melhor esclarecer sobre toda a situação e critérios definidos pela FIBA sobre o equipamento de jogo”, conclui a FPB.

De acordo com o Jornal de Notícias, Fatima Habib, jovem paquistanesa, de 13 anos, foi excluída antes do início do jogo que o Clube de Basquetebol de Tavira disputou com Imortal Basquetebol Clube de Albufeira, no domingo, por se ter recusado a despir a camisola que tinha vestida por baixo do equipamento oficial da equipa, uma vez que a religião muçulmana não permite que as mulheres exibam os braços.

A equipa de arbitragem permitiu que Fatima Habib mantivesse os collants e o lenço na cabeça, mas recusou que a jovem utilizasse a camisola e obrigou-a a abandonar o campo.

Eis o comunicado da Federaçãso Portuguesa de Basquetebol

"Sobre a notícia veiculada hoje nos órgãos de comunicação social relacionadas com o impedimento a uma jogadora do Clube de Basquetebol de Tavira de participar num jogo, a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) esclarece o seguinte:

A FPB recusa frontalmente na sua regulamentação, na sua organização e na sua cultura qualquer tipo de discriminação, seja ela de género, de etnia ou de religião.

A regulamentação da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), que a FPB cumpre rigorosamente, respeita a liberdade religiosa e cultural, prevendo a possibilidade de os jogadores poderem utilizar equipamento de acordo com as suas convicções religiosas, desde que o mesmo garanta a liberdade de movimentos e assegure a segurança dos intervenientes no jogo. Estas regras estão em vigor em todos os jogos de basquetebol que se disputam no país sob a égide da FPB e têm sido efetivamente aplicadas.

No jogo anterior ao do último sábado (2 de novembro), o treinador da equipa de Clube de Basquetebol de Tavira foi devidamente informado pela equipa de arbitragem responsável que o equipamento da jogadora teria que estar de acordo com as regras definidas pela FIBA e respeitadas pela FPB, para a mesma poder continuar a participar em competições. Uma situação que não foi corrigida no jogo do último domingo (10 de novembro).

A FPB refuta, assim, a afirmação veiculada de que a jogadora foi impedida de jogar por se recusar a mostrar os braços, tendo inclusive, na pessoa do presidente da Direção, contatado diretamente a família da jogadora, para melhor esclarecer sobre toda a situação e critérios definidos pela FIBA sobre o equipamento de jogo.

Reforça-se que a FPB continuará a promover, como sempre, uma prática desportiva inclusiva, colocando sempre em primeiro lugar a defesa de valores civilizacionais."