Bruno Moniz começou a competir como atleta profissional há cerca de três anos ,mas já soma um largo número de medalhas e distinções. Apesar das muitas dificuldades a que se refere quando fala da sua modalidade, atletismo, Bruno não deixa de “sonhar alto”. A sua próxima grande meta é chegar aos Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil. 
Em casa, com três irmãs, Bruno Moniz é o único rapaz mas também o único atleta. Desde muito novo que mostrou ter jeito para o desporto. Começou com futebol com os amigos e na escola EPIF mas há cerca de três que descobriu o prazer que o atletismo lhe proporciona e hoje não quer saber de outra coisa. 
Aos 25 anos de idade Bruno dedica-se, dentro da modalidade, às categorias de 100m, 200m, 400m, salto e estafetas mas ultimamente tem-se concentrado essencialmente nas duas primeiras que considera que sejam os seus pontos fortes. 
Em 2010 ouviu, no rádio, o anúncio do campeonato regional de atletismo e mais por brincadeira decidiu que iria participar. Logo na primeira competição, Bruno não fez má figura e ficou em 2º lugar nos 200 metros e sagrou-se campeão regional no salto. 
Os títulos foram um incentivo para Bruno que a partir daí não parou e começou a pensar nas próximas competições. Apesar de considerar que aos que estão a começar não dadas as mesmas oportunidades, insistiu e no campeonato nacional foi representar a ilha de Santiago. Voltou a deixar a sua marca e ficou em primeiro lugar salto em comprimento, 4º lugar nos 100 metros e 5º lugar nos 200 metros. 
“Em três anos já consegui muita coisa mas sem qualquer apoio”
“Se não gostarmos muito do que fazemos acabamos por abandonar” diz Bruno que assegura nunca recebeu qualquer tipo de apoio nem mesmo da Federação Cabo-verdiana de Atletismo. 
Em 2011 esteve a um fio de deixar tudo de lado e durante semanas chegou mesmo a faltar aos treinos. “Foi inaugurado a pista tartan na ilha do Sal e enviaram-me convite para participar. Comecei a treinar de manhã à noite para estar à altura. Na véspera disseram que não conseguiram dinheiro para as passagens de avião. Falámos com o vereador da cultura da CMP que prometeu passagem para mim e para um colega. Quando fomos buscar não havia passagens nem vereador. Como não tinha condições para pagar a viagem e acabei por ficar. Fiquei muito dececionado e disse que já não voltaria ao Atletismo”, recorda magoado. 
Bruno garante que apenas com bastante dedicação à modalidade, confiança e concentração nas provas e humildade consegue-se chegar longe. 
Diz que “treina duro para que as competições sejam fáceis”. Treina de manhã no ginásio e à tarde na pista que por não ser tartan (e por não ter sapatilhas apropriadas) provoca-lhe dores nas pernas. 
“Sonho muito alto enquanto atleta e quero estar nos Jogos olímpicos”
Bruno Moniz foi um dos atletas cabo-verdianos que nos Jogos da Lusofonia - que aconteceram em Janeiro último em Goa - levou a nossa bandeira ao pódio. Trouxe para casa uma medalha de bronze em salto em comprimento e uma de prata nas Estafetas 4x400. 
“As pessoas não imaginam a emoção que é veres a bandeira do teu país quando se sobe ao pódio”, exclama frisando que quando regressou foi muito acarinhado por todos tanto no aeroporto como sua zona de residência. 
O atleta atualmente não trabalha e dedica-se inteiramente ao atletismo. Terminou o 12º ano mas por falta de condições financeiras não prosseguiu nos estudos. No futuro gostava de trabalhar ou como monitor de educação física ou como treinador na área do atletismo “para transmitir a sua paixão a outras pessoas”. 
Bruno não descarta a possibilidade de ir tentar a sorte lá fora – provavelmente Portugal onde tem familiares – mas não quer ir sem ter as mínimas condições reunidas. 
Por agora a sua principal preocupação é dedicar-se aos treinos para estar à altura de poder participar nos próximos Jogos Olímpicos, “um sonho”. Mas até lá pretende continuar a marcar presença, sempre que possível, em outras competições como Nacional de Atletismo em julho ou o Campeonato de África de Atletismo.