Quarta-feira, 14 de abril de 2021. Estamos a precisamente 100 dias dos Jogos Olímpicos de Verão de...2020, em Tóquio. Depois do adiamento do evento, em virtude da pandemia da COVID-19, há um ano, desta vez este irá mesmo em frente, ainda que com inúmeras condicionantes, algumas dúvidas, e muitas expetativas por parte da comitiva de atletas portugueses que vão rumar ao Japão.

A 100 dias da data marcada para a cerimónia de abertura, marcada para 23 de julho de 2021 no Estádio Olímpico de Tóquio, olhamos para o que já se sabe sobre o certame e para quem são os atletas portugueses que já garantiram presença.

Da eleição ao adiamento

Aqueles que serão os Jogos da XXXII Olimpíada vão, então, decorrer entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021. A cidade de Tóquio foi escolhida como sede na 125ª Sessão do Comité Olímpico Internacional, em Buenos Aires, Argentina, a 7 de setembro de 2013 e será a segunda vez que a capital do Japão acolhe os Jogos Olímpicos, depois de 1964. Na eleição, Tóquio superou Istambul e Madrid.

Os Jogos estavam originalmente marcados para o período de 24 de julho a 9 de agosto de 2020, com os primeiros eventos marcados para terem início no dia 22 de julho. Porém, a 24 de março de 2020, os foram adiados para o verão de 2021, devido à Pandemia de COVID-19. Um adiamento que afetou também as datas dos Jogos Paralímpicos, que adiados igualmente para o verão de 2021. Será a primeira vez na história que um evento olímpico se vai realizar num ano ímpar.

Ainda assim, e apesar do adiamento, os Jogos mantiveram o seu nome, identidade visual e marca. Os atletas já qualificados tiveram também a garantia de que a sua presença no evento não seria afetada.

O principal palco dos jogos será o Estádio Olímpico de Japão, também conhecido como Estádio Nacional de Tóquio, com capacidade para 68 mil espectadores. Aí terão lugar as cerimónias de abertura e encerramento, para além das competições de atletismo e da final do torneio olímpico de futebol feminino. O recinto foi construído de novo, no mesmo local onde se encontrava o antigo Estádio Olímpico de Tóquio, palco dos Jogos Olímpicos de 1964.

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Outros cinco recintos também ficam localizados na zona central de Tóquio: o Ginásio Nacional Yoyogi (que receberá o torneio de andebol, com a inédita participação portuguesa), o Ryōgoku Kokugikan (que albergará as competições de boxe), o Ginásio Metropolitano de Tóquio (provas de ténis de mesa), o Nippon Budokan (que receberá os eventos de judo e karaté) e o Fórum Internacional de Tóquio (palco das competições de halterofilismo).

Há, depois, 13 outros locais destinados a colherem 15 modalidades desportivos localizados nas proximidades da Baía de Tóquio, a sudeste da Vila Olímpica. Existem ainda 16 instalações para 16 outras modalidades, situadas a mais de 8 quilómetros da Vila Olímpica. Os torneios olímpicos de futebol (masculino e feminino) contarão ainda com mais cinco estádios espalhados por outras cidades japonesas.

Os constrangimentos da pandemia: com adeptos nos recintos, mas só residentes locais

Com o alastrar da pandemia da COVID-19, no início de 2020, e com o adiamento de inúmeros eventos desportivos, cedo se percebeu que também os Jogos Olímpicos de 2020 não iriam poder decorrer nas datas originalmente previstas (24 de julho a 9 de agosto de 2020). Os organizadores tentaram minimizar ao máximo os efeitos do vírus nos preparativos, mas os eventos de qualificação que marcados para o início de 2020 começaram a ser afetados e adiados e, com cada vez mais modalidades atingidas, o adiamento começou a parecer uma inevitabilidade.

Depois de Canadá e Austrália terem comunicado que se retirariam dos Jogos se estes não fossem adiados por um ano, a 24 de março de 2020 o Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou qoe os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, bem como os Paralímpicos, seriam reagendados para uma data nunca posterior ao verão de 2021, afirmando que os Jogos seriam um raio de esperança para o mundo nestes tempos agitados. Uma semana depois era então comunicado que o evento arrancaria a 23 de julho de 2021, frisando que todos os atletas que já se tinham qualificado para Tóquio 2020 manteriam as suas vagas.

Estima-se que o custo deste adiamento ronde os cinco mil milhões de euros. Com a pandemia ainda bem presente um pouco por todo o mundo, chegou a temer-se que os Jogos Olímpicos não pudessem vir a ser realizados em 2021 e acabassem mesmo por ser cancelados, o que acarretaria um prejuízo total de quase 35 mil milhões de euros, mas já em fevereiro deste ano foi dada luz verde à realização dos Jogos na data prevista após o reagendamento.

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Mas os constrangimentos continuam a ser muitos, com apertados protocolos de biosegurança a serem comunicados pelo COI a atletas, árbitros, dirigentes, treinadores, jornalistas e restante staff, com a obrigatoriedade da prática de distanciamento social, uso de máscara obrigatório fora das zonas de treino e proibição de visita a bares, restaurantes, lojas ou uso dos transportes públicos. Os participantes serão testados a cada quatro dias e os atletas que testarem positivo à COVID-19 não poderão, naturalmente, participar. O COI recomenda a vacinação dos atletas, mas esta não será obrigatória. Os atletas vão ser encorajados a conterem-se nos festejos e o público aconselhado a conter os gritos no recinto.

Sim, o público! Porque os Jogos Olímpicos de Tóquio'2020 vão contar com espectadores nos recintos desportivos. Mas só espectadores residentes. A 20 de março último, foi anunciado que devido à COVID-19, não seriam permitidos espectadores internacionais, nem mesmo familiares dos atletas. Na base da decisão estão as dúvidas em relação às restrições de viagens aéreas e o objetivo de preservar ao máximo a segurança de todos os participantes. Novas decisões relativas às limitações do número de espectadores em cada evento serão comunicadas no decorrer do presente mês.

Portugal com comitiva de 56 atletas (para já) e com algum ouro no horizonte

Portugal conta, para já, com 56 atletas qualificados para Tóquio 2020, divididos por 12 modalidades. Podem ainda haver (boas) novidades em mais algumas modalidades, como judo, triatlo, skate, taekwondo ou karaté.

No atletismo, são para já apenas 10 os apurados, o que constitui uma diminuição considerável em relação aos anteriores Jogos Olímpicos. São eles João Vieira (50 km marcha), que participará pela sexta vez em JO, Pedro Pichardo (Triplo salto), Francisco Belo (Lançamento do peso), Carla Salomé Rocha (Maratona), Sara Catarina Ribeiro (Maratona), Evelise Veiga (Triplo salto), Patrícia Mamona (Triplo salto), Liliana Cá (65,10 metros), Auriol Dongmo (Lançamento do peso e Ana Cabecinha (20 quilómetros marcha).

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Na canoagem são sete os atletas apurados: Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro, Messias Baptista, David Varela, Antoine Launay e Teresa Portela. Na natação serão cinco os atletas lusos: Alexis Santos e Diogo Carvalho vão estar nos 200 metros estilos, repetindo a presença no Rio'2016, e vão desta feita ter a companhia de Tamila Holub, Diana Durães (ambas nos 1.500 metros livres) e Ana Catarina Monteiro (200 metros mariposa).

Já no ciclismo, a comitiva lusa contará com duas vagas na prova de estrada (os dois eleitos serão convocados pelo selecionador nacional), os quais poderão depois participar também na prova de contrarrelógio, mas o destaque vai para a estreia Maria Martins em pista, graças ao se seu nono lugar no “ranking” na prova de omnium.

Outra modalidade que já deu medalhas olímpicas a Portugal, a vela, contará desta feita com quatro portugueses: Jorge Lima e José Luís Costa estarão na categoria 49er, Diogo Costa e Pedro Costa na classe 470. Também dentro de água, no remo, estarão Pedro Fraga e Afonso Costa. E, claro, com a estreia do Surf como modalidade olímpica, Frederico Morais também estará nos JO 2020.

No que à equitação diz respeito, a luso-brasileira Luciana Diniz vai competir pela quarta vez em Jogos Olímpicos, na prova de saltos com obstáculos, com mais três portugueses a participarem na prova de ensino. Já no fosso olímpico estará João Paulo Azevedo, na competição de tiros com armas de caça. Filipa Martins vai voltar a participar na ginástica artística, podendo ainda ter companhia nessa especialidade, havendo também a possibilidade de haver um atleta português na competição de trampolins.

Depois, a nível coletivo há, claro, a seleção nacional de andebol, que em fevereiro logrou o apuramento inédito para o tonreio olímpico de andebol e que poderá levar 14 convocados, a anunciar atempadamente pelo selecionador Paulo Pereira. E há também o ténis de mesa, com três elementos a formarem a equipa masculina (dois dos quais disputarão igualmente o torneio individual) e Fu Yu no torneio individual feminino.

Entretanto, de sexta-feira a domingo vão decorrer em Lisboa os Europeus de judo, que deverão selar a presença de vários judocas nacionais em Tóquio.

Mas, quanto a medalhas, com o que poderá Portugal sonhar efetivamente? Desde logo, no atletismo, o lusocubano Pedro Pichardo parte como um dos favoritos ao ouro no triplo salto, depois de o ter conseguido nos Europeus de Pista Coberta, onde Patrícia Mamona e Auriol Dongmo também foram medalhadas e, embora sem o mesmo favoritismo, também poderão sonhar alto no Japão.

Na canoagem, Fernando Pimenta (K1 1.000 metros) volta a ser um dos principais candidatos a uma medalha, com Teresa Portela a poder também apontar alto no K1 200. E, no judo, embora não existam ainda confirmações, Telma Monteiro e Jorge Fonseca são sempre nomes a ter em conta.

Surf e mais outras quatro modalidades em estreia

Do programa oficial dos Jogos Olímpicos de Verão de 2020, aprovado pelo Comité Olímpico Internacional de 9 de junho de 2017, fazem parte um total de 339 eventos, dividios por 33 desportos diferentes, totalizando um total de 50 disciplinas desportivas.

Ao todo, serão cinco os novos desportos a figurar em Tóquio'2020: Surf, baseball/softball, karaté, skate e escalada são as novidades. O skate terá duas modalidades (street e park), o baseball será exclusivamente masculino e o softball feminino e o karaté vai ter oito medalhas em jogo.

Além disso, haverá ainda 15 novos eventos relativos a modalidades que já constavam do programa olímpico, entre elas o torneio de basquetebol 3x3, BMX freestyle e vários eventos mistos em diferentes modalidades desportivas.