Uma análise do Comité Olímpico de Portugal (COP) revela que entre 2014 e 2018 “houve um aumento da despesa total das federações desportivas em 57%”, entre aquelas que constam do programa olímpico para Tóquio2020.

A partir dos relatórios de atividades e contas publicados por estes organismos, o COP comparou o segundo ano do ciclo olímpico relativo a Rio2016 e o segundo ano do ciclo olímpico atual, para Tóquio2020.

Das federações estudadas, nove reduziram gastos nesse tempo, enquanto 10 aumentaram a despesa em mais de 50%, tendo seis ‘sofrido’ com redução do financiamento público.

“No âmbito dos resultados globais, apenas duas federações desportivas apresentaram sempre resultados líquidos negativos nos anos do período estudado”, pode ler-se na nota publicada.

Nesse período, o financiamento público aumentou em 20%, ainda que a taxa de cobertura desse financiamento face à despesa tenha passado de 35% para 27%.

Por “ser uma realidade com outra natureza de recursos”, o COP reanalisou os dados depois sem incluir a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), com o aumento da despesa a passar para 37%, o financiamento público para 21%, e a taxa de cobertura do financiamento público a passar de 59% (2014) para 52% (2018).

Em 2018, um total de sete federações apresentaram um acréscimo de mais de 13 milhões de euros nas receitas, ainda que 11,4 milhões tenham sido afetos à FPF, com o restante a seguir para as outras seis.

No período, os resultados líquidos, excetuando a FPF das contas, passaram do ‘negativo’ (237.548 em 2014) para 2.468.378 positivos, numa evolução em que 27 federações apresentaram resultados positivos em 2018, contra apenas 21 em 2014.

Em jeito de conclusão, o COP explica que “o financiamento público não acompanhou o crescimento da despesa”, mesmo que várias federações tenham reduzido substancialmente o volume da despesa, com a vela à cabeça (47%).

No outro espetro, os organismos que mais aumentaram os gastos foram a Federação de Ténis (243%), Canoagem (208%), Natação (123%) ou Ginástica (60%), entre outras, com um total de sete a aumentarem os gastos em mais de um milhão.

O Comité atribui o aumento em três federações aos valores recebidos de apostas desportivas e jogo ‘online’, ao financiamento público ou aumento de receitas próprias.

“Pese embora ter havido um menor percentual de cobertura por parte do financiamento público na despesa total das federações desportivas, houve um aumento significativo dessa despesa global, pelo que os resultados financeiros finais são reveladores do excelente desempenho das organizações desportivas em estudo”, nota o COP.