120 minutos de futebol (mais os descontos), seis golos, duas reviravoltas, um penalti falhado, uma expulsão, pedidos de penalti, intervenção do VAR, bolas nos ferros, guarda-redes a brilhar e muito mais. O Nacional-FC Porto foi o que os especialistas chamam de 'jogo entretido', com os 'dragões' a precisarem do prolongamento para afastar o emblema madeirense da Taça de Portugal. A equipa de Luís Freire foi muito eficaz e marcou dois golos nas poucas oportunidades que teve. A expulsão de Rui Correia logo após o 2-1 'tramou' a formação alvi-negra. Evanilson empatou aos 89 e evitou a eliminação do FC Porto.

Os 120 minutos nas pernas num terreno irregular e pesado poderá fazer estragos nos 'dragões' no clássico de sexta-feira, frente ao Benfica.

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O Jogo: eficácia madeirense vs desperdício do Dragão

O Nacional já tinha deixado boas indicações na passada sexta-feira quando perdeu com o Sporting por 2-0, para a I Liga. A equipa pode não ter estado bem a nível ofensivo mas na defesa mostrou argumentos para travar os líderes da Liga. E, na noite desta terça-feira, usou dos mesmos argumentos para fazer frente ao FC Porto, embora tenha melhorado ofensivamente e piorado ligeiramente a nível defensivo.

Com o clássico frente ao Benfica tão perto (próxima sexta-feira), Sérgio Conceição operou seis mexidas no onze. Mas foi obrigado a recorrer a 'artilharia pesada' quando, do nada, viu o adversário em vantagem.

Com tantas mexidas, seria natural não haver tanto entrosamento como a que existe quando jogam os principais jogadores. Isso viu-se mais na defesa, principalmente pelo lado esquerdo, com Sarr a não se adaptar bem na posição de lateral, ele que joga habitualmente a central. Foi dali que deu muito espaço para Brayan Riascos assistir Rochez para o 1-0. E foi ele que voltou a dar muito espaço, novamente a Riascos, no 2-1 do Nacional, no segundo tempo. O francês voltou a evidenciar fragilidades que tinham ficado patentes noutros encontros.

Se o Nacional mostrava eficácia, o FC Porto corria no lado contrário. Após a vantagem cedo no marcador, após um golaço de Luís Diaz, a equipa detentora da Taça de Portugal criou inúmeras oportunidades, atirou à barra, rematou ao lado, criou e criou mas sem a eficácia desejada. Os defensores madeirenses estiveram à altura e o guarda-redes Riccardo Piscitelli, titular na Taça, esteve em bom plano, com defesas importantes ao longo do jogo.

Sérgio Conceição não queria mas foi obrigado a lançar Otávio, Zaidu, Marega, Evanilson e João Mário, para tentar evitar a eliminação. Ganhou a aposta com a entrada de Evanilson (marcou no primeiro toque na bola, um minuto depois de estar em campo), o homem que evitou a eliminação e mandou tudo para prolongamento. Aí veio ao de cima a força do FC Porto, com mais dois golos (Sérgio Oliveira e Taremi) e outras tantas oportunidades, a mais flagrante de Evanilson, ajudado também pelo facto de jogar com mais um.

Num jogo louco, o Nacional ainda podia ter reduzido para 3-4 aos 119 minutos e relançar a partida mas o luxemburguês Thil permitiu a defesa de Diogo Costa numa grande penalidade.

Oitavo triunfo consecutivo do FC Porto frente ao Nacional, 10.ª vitória seguida na época para os campeões nacionais, 15 triunfos dos 'dragões' nos últimos 16 jogos. A equipa de Sérgio Conceição parece não dar sinais de fraqueza.

Polémicas: António Nobre e VAR muito contestados

Não foi uma arbitragem fácil para António Nobre. Houve vários pedidos de vermelho, penalti e faltas, muitos gritos vindos dos bancos. Aos 65 minutos, o juiz do encontro considerou falta de Rui Correia sobre Toni Martinez. Mostrou amarelo ao capitão, que seria o segundo, e consequente vermelho. Nas imagens, parece que é o espanhol do FC Porto quem tira vantagem do contacto e se deixa cair.

Aos 88 minutos, o FC Porto fez o 2-2 e mandou o jogo para prolongamento. No entanto, de acordo com as novas regras, o lance devia ser anulado já que há um contacto entre a bola e o braço de Taremi, o homem que fez o passe para golo. No lance do iraniano, a bola vem da mão de um jogador do Nacional para o braço de Taremi, com os dois muito juntos. O árbitro nada viu, o VAR Vasco Santos também não. Lances muito contestados pelo Nacional.

Momento-chave: Evanilson salva o Dragão

Lançado a jogo aos 88 minutos no lugar de Diogo Leite, Evanilson empatou o encontro um minuto depois de estar em campo, no primeiro toque na bola. Muito boa a leitura de Taremi no lance, a deixar na hora certa para o brasileiro finalizar em esforço.

Os Melhores: Sérgio Oliveira decisivo, Taremi de pedra e cal

Mais um jogo, mais um golo para Sérgio Oliveira. As 'pilhas' do médio parecem nunca mais acabar. Tentou marcar de todas as formas, principalmente nos livres direto mas sem sucesso nas bolas paradas. Correu quilómetros, tentou desequilibrar nas alas e pelo meio.

Taremi fez o 4-2 mas o principal destaque vai para a forma como arrancou e serviu Evanilson para o 2-2 aos 89 minutos. Grande visão de jogo do iraniano que passou a ser imprescindível no ataque azul e branco, ele que vem sempre atrás buscar jogo antes de servir os colegas.

No Nacional, destaque para o guarda-redes Piscitelli, autor de um punhado de boas defesas. Riascos e Rochez aproveitaram a duas oportunidades que tiveram e marcaram.

Os Piores: Sarr deslocado, Rui Correia imprudente

Malang Sarr ficou ligado aos dois golos do Nacional, pela forma como permitiu que Riscos e Rochez trabalhassem sem oposição. Acrescentou pouco no ataque, como se esperava e a defender deu muito espaço.

O capitão Rui Correia fica ligado a história do jogo, ao ser expulso logo após o 2-1 do Nacional. Fez um mau atraso para o seu guarda-redes e tentou remediar o erro com um encosto no adversário. Apesar de parecer não haver motivo para falta (o árbitro entendeu o contrário), o central arriscou muito, tanto no passe como na forma como tentou impedir Toni Martinez de chegar à bola.

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