O título de melhor jogador de sempre do futebol português continua por atribuir, depois de Cristiano Ronaldo “explodir” no Real Madrid e alcançar números estratosféricos, ultrapassando as marcas de Eusébio. O agora capitão da turma lusa leva 55 golos marcados na Seleção A em 123 internacionalizações. Já o malogrado Eusébio fez 41 golos em 64 jogos.

A comparação entre os dois ícones do futebol português voltou a surgir esta segunda-feira, durante o lançamento do mestrado em futebol na Universidade Lusófona em Lisboa, que teve lugar no Auditório Agostinho da Silva.

Recordar Eusébio

O evento, que serviu também para homenagear o Pantera Negra, contou com várias figuras do futebol português como Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, Jorge Castelo, coordenador do Mestrado da Universidade Lusófona, Helena Costa, treinadora de futebol e docente na mesma universidade, Vítor Serpa, jornalista desportivo, João Malheiro, jornalista e comentador, José Pereira, Presidente da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol, entre outras figuras.

Na sua intervenção, João Malheiro lamentou que os livros de história de Portugal não tenham nenhum capítulo dedicado a Eusébio, ele mesmo um pedaço da história do país. Já Hilário, antigo companheiro e amigo de Eusébio explicou os contornos da vinda do craque de Moçambique para Lisboa e do facto de ter ido parar ao Benfica quando era suposto ser contratado pelo Sporting.

Cristiano Ronaldo vs Eusébio: Estudo comparativo

A intervenção que suscitou mais interesse foi a do Professor Jorge Castelo, coordenador do Mestrado em Futebol na Universidade Lusófona, em Lisboa. Sob o tema “Estudo comparativo entre Eusébio e Cristiano Ronaldo”, o docente explicou as diferenças entre Eusébio e Cristiano Ronaldo, tendo por base O Portugal-Coreia do Norte, do Mundial de 1966, em que o Pantera Negra marcou quatro dos cinco golos da recuperação histórica de Portugal, e o hat-trick de Ronaldo frente a Suécia, na segunda-mão do play-off de acesso ao Mundial2014.

Jorge Castelo explicou que as diferenças entre ambos são mínimas, apesar de haver 49 anos de distância entre os dois jogos analisados. O docente analisou a participação dos dois craques nos referidos encontros e concluiu ambos tiveram intervenções muito idênticas em campo.

Eusébio, por exemplo, tinha uma participação mais ativa em campo, correndo mais vezes com a bola nos pés, tentando driblar mais vezes, ao contrário de Ronaldo que preferia jogar ao primeiro toque e ganhar vantagem em velocidade.

Também foi analisado os terrenos pisados por ambos, com Eusébio a assumir um papel de avançado livre na frente de ataque de Portugal, aparecendo ora a direita, ora a esquerda, ora no meio. Já Ronaldo preferia o lado esquerdo do ataque de Portugal assim como a zona central. Eusébio deu mais toques na bola porque Portugal, nesse jogo frente a Coreia, esteve em desvantagem de 3-0 e tinha de vencer para seguir em frente. Com a equipa em ataque continuado, o Pantera Negra era muito solicitado por Coluna, José Augusto e Simões, já que sabiam que era Eusébio quem poderia resolver o jogo para Portugal, como viria a acontecer.

Já Ronaldo era mais solicitado em corrida, num jogo em que Portugal passou a maior parte do tempo no seu meio-campo, daí que CR7 tenha tido menos participação no jogo, apesar do hat-trick.

Durante a sua apresentação no Auditório Agostinho da Silva, Jorge Castelo acabou por se zangar com um homem da plateia, que se identificou como sendo adepto do Sporting mas que não estava satisfeito com as explicações do docente, já que Cristiano Ronaldo, formado no Sporting, perdia ligeiramente para Eusébio nos números apresentados.

A homenagem não contou com Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, nem com Luis Filipe Vieira, presidente do Benfica, que teve de cancelar a sua presença à última da hora.