Da Argentina continuam a chegar relatos do pânico e terror que se viveram em La Plata, após os confrontos entre adeptos do Gimnasia e a polícia, antes e durante o jogo com o Boca Juniors, para o campeonato argentino de futebol.

O encontro foi interrompido aos oito minutos devido aos distúrbios nas bancadas, quando a polícia atirou gás lacrimogénio, obrigando milhares de adeptos a refugirem-se no relvado do estádio Juan Carmelo Zerillo em La Plata. O gás lacrimogénio estendeu-se pelo relvado e chegou aos jogadores que ficaram sem condições para continuar

Veja as imagens do caos nas bancadas e relvado do estádio Juan Carmelo Zerillo

Os confrontos começaram fora do estádio. A polícia utilizou balas de borracha e gás lacrimogéneo para dispersar os adeptos que tentaram entrar nas bancadas já lotadas e fez o mesmo, também dentro do estádio, provocando o caos.

Leonardo Morales, jogador do Gimnasia, contou o terror que viveu no relvado, antes de se refugiar nos balneários.

"De repente começou a vir gás lacrimogéneo, começámos a correr e ninguém percebia o que se estava a passar. Até que o fumo chegou e foi o desespero total. Tenho um filho de dois anos e meio e ele não conseguia respirar. Quando o levei para o balneário fui-me abaixo… Vê-lo tão mal doeu-me muito. Imagino o que sentiram as outras pessoas que também passaram mal", descreveu o defesa, citado pelo diário 'Olé'.

Foram os próprios jogadores das duas equipas que ajudaram os adeptos que tentavam fugir ao gás lacrimogéneo.

"Ficámos sem água no balneário para a dar às pessoas, ajudámos com o pouco que tínhamos", contou o jogador, afirmando ainda que uma criança terá perdido a visão aparentemente atingido por uma bala disparada pela polícia.

Franco Soldano, avançado do Gimnasia La Plata, também descreveu o pânico vivido e o que teve de fazer para procurar os seus familiares que estavam nas bancadas.

"Foram os 45 minutos mais longos da minha vida até que encontrei a minha família. Saltei para as bancadas, não sei o que fiz mais até que encontrei os meus entes queridos e foi um alívio. O meu pai é médico e assistiu várias pessoas nas bancadas", contou o avançado.

Nicolás Contí, também jogador do Gimnasia, contou os momentos de pânico vividos no meio do caos que se gerou.

"Quando percebi que as pessoas estavam a saltar da bancada comecei a sentir o gás. Pensei logo na minha família. Logo a seguir começou a aparecer gente de todo o lado. Tentei sair e não podia. A minha mãe esteve a um ponto de desmaiar em campo. Erik Ramírez aproximou-se e salvou a minha velha", contou.

No meio dos distúrbios fora do estádio, um polícia disparou contra Fernando Rivero, um repórter de imagem da 'TYC Sports' que recolhia imagens da confusão.

Os incidentes provocaram um morto e três feridos graves.