O futebolista William Carvalho afirmou hoje em tribunal que, meses antes do ataque à academia do Sporting, o líder da Juventude Leonina lhe disse que o ex-presidente Bruno de Carvalho pediu para “ameaçar jogadores e partir-lhes os carros”.

“‘Mustafá’ ligou-me a dizer que o presidente Bruno de Carvalho lhe tinha pedido para ameaçar os jogadores e partir-lhes os carros”, disse o internacional português, ouvido via Skype, a partir de Sevilha, na 24.ª sessão do julgamento da invasão da academia do Sporting, em Alcochete, ocorrida em 15 de maio de 2018.

Segundo o jogador, o telefonema de Nuno Mendes ‘Mustafá’, líder da claque Juve Leo aconteceu “um ou dois meses antes” de uma reunião que se seguiu ao jogo da Liga Europa, com o Atlético de Madrid, disputado em 05 de abril (derrota do Sporting por 2-0), ou seja, bastante antes da invasão.

O futebolista, que alinha nos espanhóis do Bétis, afirmou que na reunião com os jogadores, que se seguiu à derrota em Madrid, Bruno de Carvalho lhe disse que ele já deveria ter-se ido embora há muito tempo, ao que terá respondido: “Você devia ter vergonha de dizer isso”.

William de Carvalho, um dos capitães do Sporting à data da invasão, disse ter sido um dos alvos dos “cerca de 40 adeptos” que entraram na academia, juntamente com os companheiros Rui Patrício, Acuña e Battaglia.

“Entraram, começaram aos gritos e ouvi-os a perguntarem onde estão o William, o Patrício, o Acuña e o Battaglia. Três ou quatro indivíduos disseram que eu não merecia vestir aquela camisola e deram-me socos no peito e nas costas”, afirmou.

O médio, que disse conhecer quatro dos arguidos no processo, admitiu ter reconhecido um deles, Valter Semedo, num corredor junto ao balneário, apesar de este estar com a cara tapada.

“Reconheci o Valter Semedo quando sai do balneário e ia a tentar fugir para a casa de banho. Foi aí que o vi”, disse, acrescentando: “Perguntei ao Valter Semedo o que se passava e ele respondeu-me: ‘William, depois falamos’”.

William Carvalho, que disse ter “visto marcas vermelhas no rosto de Jorge Jesus e Bas Dost com a cabeça partida”, admitiu ter ficado em pânico durante a invasão.

“Tive muito medo, quando me agarraram estava numa situação de impotência, fiquei sem saber o que fazer, estava em pânico”, afirmou o jogador, que representou o Sporting entre os 13 e os 26 anos.

O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

O julgamento prossegue durante a tarde de hoje, com a audição, por videoconferência de André Geraldes, à data dos factos ‘team manager’ do Sporting.

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